Se a Metalúrgica Duque reabrir as portas, deixará de lado a atuação no segmento automotivo. Para retornar ao jogo, a empresa vai se concentrar, inicialmente, na fabricação de pedivelas para a indústria de bicicletas e aramados para a indústria de linha branca.
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Esta é uma das diretrizes previstas no aditivo elaborado pela consultoria Value Assessoria de Negócios e Gestão Empresarial.
O consultor Magnus Carvalho do Couto reconhece que estes dois produtos não serão suficientes para garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo. Por esta razão, a empresa também estuda outros segmentos.
O de duas rodas é um deles. Já houve iniciativas no passado, só que Couto diz que a empresa não investiu como deveria nesse segmento.
A expectativa de voltar a funcionar na primeira quinzena de agosto é amparada, segundo o consultor, na articulação de pedidos com cerca de cinco clientes – grandes, inclusive – de 250 toneladas de peças.
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Há, também, negociação fechada com fornecedores para obter matéria-prima e insumos que serão pagos com o valor da venda dos produtos, segundo ele.
Couto afirma que está garantido o aporte de R$ 400 mil de uma instituição financeira de fomento e terá apoio de funcionários.
Segundo ele, a Duque conversou com 200 funcionários que estão em casa e eles se mostraram dispostos a voltar. Hoje, a metalúrgica conta com 440 funcionários e a agenda de rescisões futuras foi suspensa, informou o Sindicato dos Mecânicos.
O plano prevê, ainda, a desmobilização de maquinário avaliado em R$ 5 milhões. A expectativa é de que a empresa alcance um faturamento de R$ 12 milhões por mês com a operação em um dos três galpões, por enquanto.
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O outro desafio é acalmar os ânimos em relação às dívidas. Couto diz que, hoje, o plano não traz segurança aos credores, pois não deixa claro de onde viria o dinheiro para saldar os compromissos.
O aditivo promete corrigir este aspecto e também modifica as condições de pagamento. No dia 31 de julho, o documento será apresentado ao sindicato laboral.
Para Couto, o principal problema que desencadeou a crise na Duque foi como a empresa enfrentou o fator China.
– Os fabricantes chineses entraram fortes no mercado nacional, jogando o preço para baixo e os prazos para cima. A Duque estava vendendo com prazo de 180 dias na época – diz o consultor.
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Para ele, é preciso pensar na margem para tornar o negócio viável. Em sua visão, a metalúrgica não tem problemas para comercializar seus produtos, só deve adequar o que quer vender.
Confira a situação da Duque
Patrimônio:
R$ 160 milhões
Dívidas:
R$ 212 milhões*
Produção:
Parada desde novembro de 2013,
com retomadas pontuais para atender pedidos específicos.
Situação atual:
Plano de recuperação está pronto, mas a empresa prepara um aditivo para conseguir consenso entre as partes antes de marcar a data da assembleia dos credores.
Quanto precisa para voltar a operar:
No mínimo, cerca de R$ 700 mil.
O empurrão para retomar as atividades:
Negociação prévia com alguns clientes, fornecedores, instituição financeira e 200 funcionários para produzir pedivelas e aramados para a indústria de linha branca na primeira quinzena de agosto.
*R$ 104 milhões apenas com o Fisco
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