Eleito e confirmado no dia 14 de julho pelo juiz da 5ª Vara Cível de Joinville, Rogério Manke, como o gestor da Busscar Ônibus, Agenor Daufenbach Junior acredita que serão apresentadas mudanças no plano de recuperação judicial entregue pela Busscar à Justiça.
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Ele evita fazer juízo de valor. Repetiu isso três vezes ao longo da conversa de cerca de uma hora e meia com a coluna, no dia 9 de julho. Mas entende que o grande endividamento da companhia é um problema. Destaca que vai atuar, de fato, se o plano for aprovado. Neste caso, vai trabalhar junto com o dirigente da Tecnofibras Paulo Zimath.
Agenor é administrador de empresas, advogado e perito judicial. Sócio da Gladius Consultoria e Gestão Empresarial, também é especialista em gestão empresarial e em finanças e mestre em administração. Foi professor universitário de administração financeira e orçamentária. Trabalhou por 20 anos no setor de factoring.
O PLANO
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– O plano ainda será amplamente negociado entre os representantes da Busscar e dos credores. É possível que algum fato novo ainda aconteça nas duas horas que vão anteceder a realização da assembleia, em agosto.
TELEFONEMAS
– Já recebi, recentemente, telefonemas de bancos privados da região Norte do País e troquei e-mails com o Sindicato dos Mecânicos. É a minha primeira oportunidade de atuar nesse tipo de situação com a grandeza deste caso.
ENDIVIDAMENTO
– Essencial: não emito aqui, nesta entrevista, nenhum juízo de valor sobre o plano apresentado. Quero deixar isto bem claro. Mas, lógico, o endividamento é um problema. E vai ser mitigado, ou não, pelo plano. Pela lógica, não há bancos grandes (Santander, Itaú, BB e BNDES, por exemplo) dispostos a investir novamente. A falta de novos investimentos é um problema a ser superado. É importante que os credores tenham interesse.
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CONTATOS
– Conversei com o comando do Sindicato dos Mecânicos e com o diretor da Tecnofibras Paulo Zimath. Me comprometi com ele a lhe informar sobre todos os passos. Temos que trabalhar juntos. É o maior processo em que entrei. Sinto-me tranquilo em relação às pessoas.
DECISIVOS
– Os tios dos sócios Claudio Nielson e Fábio Nielson foram decisivos para a minha escolha como gestor da Busscar.
ASSEMBLEIA
– A assembleia será realizada em agosto. Estamos prontos para colocar as coisas em pé. Meu trabalho, na verdade, vai começar se o plano de recuperação for aprovado. Acho que virão propostas de modificação no plano durante a assembleia. A mesa de negociação roda até poucos minutos antes da hora de ela começar.
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DESCONHECIDO
– A regra é que, no início, entrei no desconhecido. E, aos poucos, já me familiarizei com a situação. Já tenho mais informações, verifiquei o processo. Isso me permite conhecer a empresa. Em meio à situação vegetativa do Grupo Busscar, a Tecnofibras é uma realidade isolada, positiva e de lucratividade neste contexto.
QUEBRA
– A “quebra” da empresa traria mais dinheiro aos credores trabalhistas e de garantia real (alguns bancos). Que fique claro: não estou recomendando a falência. Absolutamente não. Estou como agente contemplativo no caso. Como sou um observador, o embate será entre o devedor e os credores.
CARGO
– O cargo de gestor de empresas em recuperação judicial é uma inovação na legislação. Por isso, minha posição, por enquanto, é meramente contemplativa em relação ao plano. Trabalho em 13 processos de recuperação judicial, um concluído e os outros 12 em andamento, principalmente em empresas da região Sul de Santa Catarina.
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PREJUÍZO
– Os bancos já lançaram seus créditos como prejuízo nos seus balanços. Já fui procurado pelo advogado da Busscar, Euclides Ribeiro, mas até hoje (9 de julho) não conversei com Claudio Nielson.
MERCADO
– Tenho equipe de seis profissionais. E o mercado do Norte catarinense – tendo Joinville como o polo principal – me interessa. Se o plano for aprovado, vou precisar montar equipe técnica com mais pessoas.