Um motim foi controlado por agentes penitenciários na Central de Triagem do Estreito, o Cadeião, em Florianópolis, na manhã desta sexta-feira, dia 31. A direção da unidade já sabia que presos estavam planejando uma rebelião.
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Com a intervenção, o plano foi frustrado, mas o Cadeião continua em alerta por causa das informações do setor de inteligência sobre ameaças de morte à agentes da unidade e novos ataques no Estado.
Por volta das 7h30min, agentes notaram uma movimentação estranha na cela de convívio, a que mais preocupa a direção da unidade. É onde acontece a maioria das fugas e abriga dezenas de presos juntos. Nos fundos do prédio, o “convívío” tem uma porta principal para um corredor com acesso livre a cinco celas.
Veja o vídeo:
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A informação de que alguma ação estava prestes a acontecer foi repassada por presos que saíram recentemente do Cadeião. Eles avisaram os agentes: “vocês têm que abrir o olho. vai acontecer um movimento aí dentro”. Não contaram detalhes.
Hoje de manhã, a equipe de plantão percebeu que era obervada por dois presos, em pé, junto a porta principal da cela de convívio. Dali eles podem ver parte do que acontece e pedir informação para algum preso regalia.
O reforço do Núcleo de Operações Táticas (NOT) da própria unidade e de seis agentes da Penitenciária de São Pedro de Alcântara foi chamado. No total, 14 agentes estavam prontos para entrar na cela armados com escopetas calibre 12. Uma equipe ficou na rua, como prevenção contra fuga, rebelião ou resgate.
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Plano de rebelião
Os dois presos continuavam de olho no plantão e os outros 38 estavam nos fundos da cela, se organizando com estoques e pedaços de ferro e reboco. Uma granada foi lançada no chão da cela. Os agentes avisaram que iam entrar. Os presos não reagiram, de acordo com o diretor da unidade, Sílvio Provin. Ele disse que ninguém ficou ferido e nenhum tiro foi disparado. Todos os 40 presos foram revistados e as “armas” apreendidas.
– Eles estavam amotinados, mas nós neutralizamos a ação. Se não tivéssemos nos antecipado, com certeza teria se transformado em rebelião – disse o diretor.
Entre os motivos para o plano de rebelião, conforme a direção, estão exigências de transferências não contempladas para unidades na Capital ou para cidades de origem dos presos. E o pedido para ficarem no pátio entre 8h e 18h.
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– As transferências dependem de uma série de fatores. Deixá-los no pátio 10 horas direto é impossível, por uma questão de segurança. A Central (Cadeião) é espartana, não tem regalia. Não tem visita todos os dias e pátio o dia inteiro. Fazemos revista estrutural (minuciosa) todos os dias nas celas. Isso incomoda os presos – observou Provin.
No total, 14 agentes atuaram na contenção, na cela. Uma equipe ficou na rua, como prevenção de fuga, rebelião ou resgate.
Túneis no Ano Novo
O Cadeião funciona num prédio improvisado, onde já funcionou um clube de sinuca e uma delegacia. Fica no meio de prédios e casas residenciais. É a porta de entrada do sistema prisional. Tem capacidade para 64 presos e nesta sexta estava com 136. A cela de convívio tem 20 camas, mas geralmente abriga 70 homens. Hoje estava com 40 detentos. A redução foi uma estratégia de segurança. Os detentos que chegaram nesta quinta ficaram na cela 1.
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Nesses dias mais quentes, a sensação térmica nas celas chega perto de 50 graus. Quando algum preso passa mal, é levado à enfermaria. A unidade tem parceria com o Samu e o Hospital Florianópolis.
Esta é, pelo menos, a quarta situação tensa este mês, no sistema prisional da Grande Florianópolis.
No Cadeião, detentos aproveitaram a queima de fogos do Ano Novo para terminar de cavar dois túneis no teto de concreto das celas 5 e 6. Faltavam 10 centímetros para que pelo menos 42 presos ganhassem a liberdade, à 0h10min deste 1º de janeiro de 2014.
Na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, um preso foi vítima de homicídio, no dia 27.
No Complexo Penitenciário da Agronômica, no dia 22, um detento escoltado por um agente desarmado fugiu durante uma transferência interna. Foi recapturado pela PM no dia seguinte.
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