Um detento foi assassinado no quartel-general da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), na madrugada desta segunda-feira, dia 27. Marcos Aurélio de Souza foi encontrado às 7h, na cela B258 da Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Nos bastidores do sistema prisional, a preocupação é que a morte tenha relação com supostos novos ataques criminosos em Santa Catarina.

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A segurança das quatro torres da Penitenciária de São Pedro foi reforçada no fim do ano, assim que informações sobre novos ataques por parte do PGC começaram a circular. Uma lista com nomes de agentes penitenciários supostamente ameaçados foi entregue à Polícia Civil.

– Os rumores não são de ataques contra ônibus ou a sociedade em geral como já aconteceu. São contra agentes da segurança pública, principalmente agentes penitenciários. Bastante gente acha que essa morte de hoje (dia 27) tem relação com esses rumores. Eu não acho. Mas se houver, é uma demonstração de força dos criminosos. Não podemos deixar que a massa carcerária tome conta – disse um profissional do primeiro escalão da Secretaria de Justiça e Cidadania (SJC), que preferiu o anonimato.

De acordo com fontes da SJC e da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os “rumores” começaram em final de novembro passado. Profissionais das duas secretarias trabalham com a possibilidade dos supostos ataques acontecerem em março, mês do aniversário de fundação do PGC.

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– O motivo passa pela superlotação, o descaso do judiciário e do governo, mas principalmente porque é a época em que os integrantes da facção que estão detidos nas penitenciárias federais retornarão ou não ao Estado. Estamos temendo os dois lados. Se não retornarem, pode haver ataque por revolta. E se eles voltarem, pode haver ataque como forma de comemoração – observou o profissional da SJC.

Primeira morte de 2014

O corpo do detento Marcos Aurélio de Souza foi encontrado em sua cela, no raio 4. Os raios 3 e 4 da Penitenciária de São Pedro de Alcântara concentram integrantes do PGC.

Embora o corpo estivesse pendurado com lençol – indicando suicídio – o comentário na unidade o dia todo foi assassinato. A informação de homicídio foi confirmada por fontes da SSP e da SJC.

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A perícia encontrou diversos hematomas no corpo e pele embaixo das unhas da vítima, o que indica luta corporal. Outro motivo que não demonstração de força, seria que Marcos Aurélio é jurado de morte e teria uma dívida em Criciúma, conforme informações de servidores que trabalham na unidade.

Autoridades do Deap e da SJC se reuniram nesta segunda à noite para falar sobre a morte do detento. A assessoria do diretor do Deap (Leandro Lima) informou às 22h30min desta segunda que “os gestores optaram no momento em não divulgar informações para não prejudicar o andamento das investigações”.

Líderes transferidos

Os 37 integrantes do PGC e três da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) foram transferidos no auge da segunda onda de atentados em SC, em 16 de fevereiro de 2013. O motivo: a autoria dos ataques criminosos. A primeira onda aconteceu de 12 a 18 de novembro de 2012. A segunda entre 30 de janeiro e 3 de março de 2013.

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De acordo com o MP, as duas ondas ocorreram como resposta do crime organizado às sessões de tortura em presos da Penitenciária de São Pedro de Alcântara e do Presídio Regional de Joinville. O MP denunciou agentes penitenciários nos dois casos. No primeiro, um dos denunciados é o próprio diretor do Deap, Leandro Lima.

Daqui a 20 dias completa um ano da transferência. Alguns presos já retornaram. A maioria continua detida fora do Estado e sua permanência em unidades no Rio Grande do Norte e no Mato Grosso do Sul, por exemplo, pode ser renovada por mais um ano.

Sentença ainda não saiu

Dos 98 réus no processo que julga a autoria dos atentados criminosos em SC, 83 foram denunciados pelo Ministério Público. Até às 23h12min desta segunda, apenas 28 réus haviam apresentado sua defesa, conforme publicado no site do Tribunal de Justiça. Esta é a última etapa antes da juíza Jussara Schittler dos Santos Wandscheer dar sua sentença.

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O prazo para apresentação da defesa foi prorrogado de 19 de dezembro de 2013 para 20 de janeiro. O titular da 7ª Promotoria Crime de Blumenau, promotor Flávio Duarte de Souza, entregou suas alegaçoes finais no dia 22 de novembro de 2013.

O judiciário ficou em recesso entre 20 de dezembro e 6 de janeiro. Procurada pela reportagem, a assessoria da juíza Jussara, titular da 3ª Vara Criminal de Blumenau, informou que a magistrada está de férias.

Uma força-tarefa foi montada para o julgamento dos 98 réus – considerado o maior de SC. O julgamento ocorreu em setembro de 2013, no Complexo Prisional da Canhanduba, em Itajaí.

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