Desde a sua invenção há milhares de anos, o vinho, na maioria das vezes, é assunto restrito ao universo masculino. São eles, geralmente, que coordenam os negócios deste ramo.
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Mas isso está mudando. Nos últimos anos, cresceu o número de mulheres que não só gostam de experimentar bons vinhos, como também investem em cursos, conciliam o gosto pela bebida à vocação empresarial e fazem dele um meio de vida.
A mudança de comportamento e a influência feminina cada vez mais forte nesse setor podem ser notadas em muitos países. No Reino Unido, por exemplo, segundo uma pesquisa conduzida pela Vinexpo, uma das maiores feiras de vinho do mundo, oito em cada dez garrafas são compradas por mulheres.
No Brasil não é diferente. Seja ao gerenciar adegas, trabalhar como sommelière, assumir o comando de grandes vinícolas ou, simplesmente, cultivar o hábito de comprar e conhecer mais sobre a bebida, elas estão transformando esse cenário, que já não é mais tão masculino assim.
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Uma das primeiras sommelières de Santa Catarina, além de ter sido a única mulher convidada a representar o Brasil como jurada em concursos importantes no exterior recentemente, a joinvilense Adri Wiest, 45 anos, é um exemplo dessa inserção feminina no mundo dos vinhos.
Ela decidiu entrar para um curso de sommelier em 2006, depois de ter se tornado chef de cozinha. Assim, poderia ajudar a harmonizar os vinhos com os pratos que preparava. Era também uma maneira de aprofundar-se em um tema que sempre a fascinou.
– O vinho ainda passa aquela ideia elitizada, exclusiva, mas é porque se trata de uma cultura recente. Apenas nos últimos dez, 15 anos é que houve valorização dos vinhos no Brasil, com investimentos tecnológicos e a abertura de importação que possibilitou o aumento do consumo -, comenta.
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Atualmente, ela trabalha como coordenadora e professora do curso de vinho do Centro Europeu de Joinville e participa de eventos nacionais e internacionais.
No ano passado, foi a primeira e única mulher convidada para o concurso da escolha do melhor Alvarinho em Portugal (Alvarinho International Wine Challenge), o vinho branco produzido com esse tipo de uva.
Adri ainda foi a única representante brasileira e da América Latina no Shanghai International Wine Challenge, o principal e mais influente concurso internacional de vinhos da China.
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Ela integrava um júri formado por 13 especialistas que degustaram às cegas mais de 600 vinhos em três dias de evento.
A sommelière torce para que a cultura dos vinhos seja mais incorporada pelo brasileiro e diz acreditar na desmitificação da bebida.
Ela ainda faz um comparativo para mostrar o potencial do mercado nacional: em Portugal, a população consome cerca de 48 litros de vinho ao ano por pessoa, enquanto no Brasil o consumo é de apenas dois litros.
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– Há um mundo além da cerveja e da caipirinha e não precisa fazer aquela pose toda, malabarismos com a taça, esse tipo de coisa. O melhor vinho é aquele que você toma com a melhor companhia -, observa.
– Existem, sim, a formalidade, os conceitos, as técnicas, mas isso deixem para os técnicos. As pessoas que gostam dessa bebida não têm que saber disso. Eu quero passar a simplicidade do vinho e, uma vez fisgado por ele, não tem mais volta -, conclui.
Leia a história de outras mulheres que amam vinho:
– Amantes do vinho criaram uma confraria só de mulheres
– A paixão de Thonia Carla Cadorin por vinhos vem de família
– Rosana Valentim é uma enófila dedicada
– Rosa Alice Maiochi Sardagna ajuda a administrar a adega da família