Durante as investigações da operação que desmontou um esquema de comunicação dos líderes do PGC que estão nas penitenciárias federais com criminosos em Santa Catarina, a Polícia Civil descobriu o plano de fuga de detentos do Presídio de Florianópolis.

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A informação foi repassada no último sábado a agentes do serviço de inteligência do Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap). Agentes penitenciários que trabalham no Complexo da Agronômica fizeram 16 horas de buscas e encontraram, por volta das 20h30min, um túnel de quase dois metros na cela 9 da galeria A do Presídio Masculino.

Detentos foragidos ou integrantes que ganham liberdade, além daqueles que recebem benefícios como saídas temporárias de sete dias, são usados pela facção para cumprir ordens nas ruas. Um dos presos na Operação Salve Geral 2, Rodrigo de Oliveira Machado, era disciplina da facção no Bairro Bela Vista, em Palhoça, segundo a Polícia Civil.

Rodrigo saiu da cadeia há cerca de oito meses e até ser preso nesta quarta-feira, atuava para a facção, em Palhoça. Com ele, a polícia encontrou um caderno de contabilidade da organização.

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A nova rearticulação do PGC acontecia também por meio de integrantes detidos no sistema, que se comunicam por celulares de dentro das cadeias. O próprio Presídio Feminino tem integrantes do PGC. Na operação desta quarta, mandados de prisão foram cumpridos contra algumas das mulheres presas na unidade.

Se não fosse a atuação da Companhia de Policiamento de Guarda (CPGd) da Polícia Militar que interceptou 25 celulares, quatro chips, carregadores, além de droga e maquiagem, as detentas filiadas à facção também teriam como se comunicar com a rua. A interceptação da PM ocorreu no mesmo sábado que o túnel no Presídio Masculino foi descoberto.

As pessoas presas na Operação Salve Geral 2 formavam o principal núcleo do PGC na tentativa de rearticulação da facção, que ficou relativamente quebrada, segundo a polícia, depois das prisões na operação Salve Geral 1 e das transferências dos líderes para penitenciárias federais em Mossoró e Porto Velho.

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Na operação desta quarta-feira, três pessoas foram presas temporariamente em Palhoça: Rodrigo, Valquíria Pereira e Neusa dos Santos. Uma em Joinville: Patrícia da Rosa. E mais 11 mandados de prisão foram cumpridos contra detentos que podem ter suas penas aumentadas caso sejam condenados.

O Diário Catarinense chegou ainda na madrugada desta quarta-feira na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, para acompanhar a Operação Salve Geral 2. A reportagem permaneceu na Deic durante parte da manhã para entrevistar o delegado que coordenou a operação, Procópio Silveira. O delegado deu entrevistas para todos os veículos – impresso e TV – presentes na Deic e mesmo depois de três tentativas da reportagem, Procópio disse que não falaria com o Diário Catarinense.

Contrapontos

Neusa dos Santos

Uma familiar da suspeita, de 41 anos, não soube informar quem é o advogado dela. A parente disse que tentou conseguir informações sobre a prisão de na Deic, mas os policiais não quiseram dar qualquer informação, segundo ela.

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Patrícia da Rosa e Valquíria Silveira

Além de Neusa, Patrícia, de 23 anos, e Valquíria, 21, deram entrada ontem no Presídio Feminino de Florianópolis. A reportagem tentou contatar as defesas das suspeitas, mas até o começo da noite ainda não haviam sido registradas na unidade e seus defensores ainda eram desconhecidos.

Rodrigo de Oliveira Machado

O suspeito, de 25 anos, não tinha advogado constituído até o fechamento desta edição e a família dele ainda estava procurando um defensor. Rodrigo disse que desconhece o motivo pelo qual foi preso pela Deic.