A informação repassada pelos serviços de inteligência de que uma tentativa de fuga estava sendo tramada no Complexo da Agronômica, em Florianópolis chegou para os agentes penitenciários por volta das 4h de sábado.

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Equipes foram organizadas para revistar cela por cela, unidade por unidade. Depois de 16 horas de buscas, um túnel de quase dois metros de extensão foi encontrado no Presídio Masculino.

Enquanto pais, esposas e filhos visitavam seus parentes encarcerados, cerca de 15 agentes trabalhavam incansáveis para evitar a fuga. Com exceção do Presídio Feminino e do Hospital de Custódia, todas as unidades do Complexo foram revistadas.

Ao mesmo tempo, oito presos da cela 9 da galeria A do presídio aproveitavam a movimentação de visitantes para, a partir do vaso sanitário, cavar o túnel, onde cabia um homem de tamanho normal. A terra úmida e as pedras eram retiradas com as próprias mãos.

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Com a força de trabalho dos oito homens seria possível chegar ao pátio pela caixa de esgoto em cerca de três horas ou aproximadamente dois metros a mais de escavação. Do pátio, os presos correriam até o muro e pulariam para a rua.

O sonho de liberdade foi interrompido por volta das 20h30min quando uma das equipes de agentes descobriu o túnel ou tatu, na linguagem da cadeia. A galeria A, com 85 detidos no sábado, foi uma das últimas a ser revistada por causa das visitas e da chuva que caía naquela tarde. Para fazer um pente-fino os presos são retirados para o pátio e o tempo não estava ajudando.

Antes mesmo de se depararem com montes de terra escondidos dentro do estrado de uma das camas da cela 9 e com o túnel tapado por um cobertor, os agentes notaram uma situação estranha que lhes chamou a atenção.

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– O silêncio absoluto na cela. Podia passar um pernilongo que tu escutavas o zunido – contou o gerente do presídio, Euclides da Silva.

Para Euclides, os detentos estavam há pouco tempo na unidade, que no sábado abrigava cerca de 350 homens. Todos, teoricamente, aguardando julgamento.

– Os que estão há muito tempo sabem que é bastante difícil fugir de lá. As paredes das galerias no primeiro andar, por exemplo, tem barra de concreto – disse o gerente.

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Os oito detentos da cela 9 passaram por exame de corpo de delito e foram transferidos para a ala de segurança máxima do complexo.

A cela foi lacrada até passar por mais uma perícia e até que o túnel seja coberto. Um boletim de ocorrência por destruição do patrimônio foi registrado.

Por nota, o Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap) agradeceu os agentes envolvidos.