O domingo de tarde foi marcado pela violência de alguns e pela conivência de outros moradores que assistiram ao linchamento de um rapaz de 24 anos na Rua 450, em Itapema. Com a vizinhança tomada pelo silêncio, a notícia da morte ainda era uma surpresa quando a reportagem foi ao local na manhã desta segunda-feira.
Continua depois da publicidade
Segundo relato de testemunhas, Guilherme Santos teria sido agredido a pauladas e até com uma enxada por pelo menos cinco pessoas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos na cabeça e morreu no hospital.
Leia mais:
::: Homem é linchado em Navegantes
Continua depois da publicidade
::: “Não há espaço para a razão na comoção”, diz especialista
::: Polícia começará a ouvir testemunhas sobre linchamento em Navegantes
Conforme o tenente-coronel da Polícia Militar, Marcello Martinez Hipólito, que também responde pelo batalhão de Itapema, o caso foi tratado, inicialmente, como uma lesão corporal:
– Quando os policiais militares chegaram, Guilherme estava no chão mas conseguia falar e chegou a andar após a chegada dos bombeiros. Os policiais não imaginaram que ele fosse morrer.
Continua depois da publicidade
De acordo com um tenente da corporação, o jovem chegou a ser algemado, porque se debatia muito no momento do atendimento dos bombeiros. Após a notícia da morte, o status da ocorrência foi alterado para homicídio.
Uma moradora que não quis se identificar conta que o rapaz ficou caído na rua depois das agressões. Segundo ela, Santos parecia estar sob efeito de drogas e teria atirado pedras contra os imóveis:
– O rapaz estava descontrolado, todo mundo ficou apavorado. Ele veio desde o início da rua perturbando até que entrou numa casa com crianças e como não quis sair os moradores bateram nele.
Continua depois da publicidade
Outra testemunha, que não quis se identificar, afirma que as pessoas chegaram a chamar a polícia para deter o jovem.
– Eu só vi porque tinha um monte de gente na rua quase matando ele de tanto bater. Ele caiu em frente ao meu portão, que estragou – diz uma moradora.
Um jovem tem uma versão um pouco diferente dos demais moradores. Ele diz que o rapaz não estava tão agressivo, mas muito desorientado e pedia por água e um local para tomar banho. Depois que bateu em sua casa, Santos teria ido na residência ao lado pedir comida quando os moradores começaram a agressão.
Continua depois da publicidade
– O primeiro golpe foi com um ferro nas costas dele, depois outro morador deu um soco. Eram umas cinco pessoas, tinha uma mulher. Quando ele caiu continuaram a espancar, usaram até uma enxada para bater na cabeça – relembra.
A delegada responsável pelo caso, Grace Closs, instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do crime.
– Vou ouvir os policiais que atenderam o caso e os moradores para tentar chegar a autoria do crime, pra saber quem deu a pancada. Jamais se justifica esta atitude – argumenta.
Continua depois da publicidade