O linchamento de um homem em Navegantes, na noite de quinta-feira, trouxe à tona mais uma vez a situação da “justiça com as próprias mãos“, já que a vítima do crime no Litoral Norte seria suspeita de envolvimento com pedofilia, conforme testemunhas teriam informado à polícia.
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A reportagem do Sol Diário falou com o professor universitário e especialista em direitos humanos Luiz Bráulio Farias Benítez, que comentou sobre o caso. Confira os principais trechos da conversa:
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O que leva a população a tomar esse tipo de atitude?
Vingança, comoção e uma intensa emoção podem levar as pessoas a tomar atitudes que não teriam em outras ocasiões. A ineficácia do poder Judiciário e do Estado também leva a buscar uma solução de autotutela, de resolver pessoalmente. As pessoas acreditam numa verdade e não pensam duas vezes em cometer outro crime. Eu uso esse exemplo: quando todos começam a correr, algumas pessoas correm junto mesmo sem saber o motivo e não o questionam. Um boato é capaz de causar essa atitude.
Isso é uma sintomática da sociedade atual?
Estamos vivenciando um certo fundamentalismo e um conservadorismo arraigado, como antigamente. Não há espaço para a razão na comoção. O processo legal precisa ser respeitado, com a garantia dos direitos, da igualdade e a busca da verdade. Sem o devido processo se joga fora o Estado de direito. Por isso a “justiça com as próprias mãos” não pode ser aceita de forma nenhuma. Se mal com o processo, pior sem ele. Temos que aperfeiçoar.
O que significa esse linchamento?
Intolerância da sociedade atual. Se revoltar e linchar alguém não resolve nada, apenas cria-se uma violência progressiva. Esses pensamentos são como o do condenado à pena de morte, que não tem nada a perder.
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