O delegado Ricardo Labes, de Navegantes, instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do assassinato de Alcebides Candeia, 62 anos. O aposentado foi agredido até a morte dentro da casa onde vivia, no bairro São Paulo, na noite de quinta-feira.
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::: Homem é linchado no bairro São Paulo, em Navegantes
As informações preliminares são de que pelo menos 20 pessoas teriam participado do linchamento. De acordo com a polícia, afirmavam que a vítima teria envolvimento com pedofilia – suspeita que, até sexta-feira à noite, não havia sido confirmada. A Polícia Civil tenta identificar os suspeitos do crime, mas a falta de câmeras de segurança que pudessem ter gravado a ação dificulta a investigação. Até a noite de sexta ninguém havia sido preso.
Na Rua Manoel Gualberto, onde ocorreu o linchamento, o silêncio imperava nas horas que se seguiram à agressão. As marcas da ação violenta permaneciam na casa simples: portas arrombadas e inúmeras pedras, que foram arremessadas contra o telhado.
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Dentro da residência alugada por Candeia ,os pertences estavam revirados. Segundo informou a polícia, pessoas invadiram a casa e atacaram a vítima com pedras e pedaços de madeira.
Uma testemunha, que não quis ser identificada, contou que a população teria arrombado primeiro a porta do proprietário da casa – que mora ao lado – e em seguida aquela onde vivia a vítima. Uma multidão também teria se aglomerado em frente ao local para ver o que ocorria.
Candeia, que vivia sozinho, foi encontrado morto nos fundos de um corredor apertado. Segundo os Bombeiros, teve esmagamento de crânio e diversas escoriações pelo corpo.
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– Tem mais ou menos umas 30 folhas da cobertura do telhado que foram apedrejadas. Nunca desconfiamos de nada, ontem (quinta-feira) as pessoas comentaram que ele gostava de dar doces para as crianças e que seria um pedófilo – afirmou uma testemunha.
Suspeitas
Na casa onde vivia a vítima foram apreendidas cerca de 10 cartas endereçadas ao homem. Segundo a Polícia Militar, em algumas delas quem escreve propunha trocar chocolates por favores sexuais. No entanto, conforme a polícia, não foi comprovado se elas teriam sido escritas por crianças.
Vizinhos, que também não quiseram se identificar, disseram que só souberam dos boatos sobre pedofilia na noite do linchamento. Uma mulher afirmou ainda que nunca suspeitou de Candeia, apenas o via indo trabalhar e ouvindo cantos evangélicos em frente à casa.
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Parentes da vítima relataram à Polícia Civil que a vítima morava na cidade há 12 anos. Eles também desconheceriam qualquer envolvimento do homem com crimes ou drogas. O Santa entrou em contato com um dos filhos de Candeia, que veio à cidade quando soube da morte do pai. Ele disse à reportagem que preferia não comentar o caso.
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