A calma com que pronuncia cada palavra destoa da indignação que Jorge Ademir Bao, 53 anos, sente ao lembrar que teve uma arma apontada para si. Ele é o dono de um restaurante simples no bairro Cordeiros, em Itajaí, assaltado na quinta-feira. É também o responsável por prender um dos suspeitos até a chegada da polícia e amarrar o rapaz a um poste, o que diz não se arrepender de ter feito.

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Após ser amarrado Rafael Assis Chaves foi agredido por clientes do restaurante com socos e pontapés. A agressão não foi impedida pelo dono do restaurante que diz que, mesmo que quisesse, não conseguiria.

– Era umas 50 pessoas não tinha quem contivesse – disse.

Ainda abalado com a perda de R$ 2 mil que usaria para pagar contas, Jorge Bao não se furta de dizer que defende o fazer justiça com as próprias mãos. Inclusive lamenta que que o suspeito não tenha sido morto.

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– Hoje em dia só pai de família é que morre, você só vê gente boa morrendo. O bandido é preso e daqui uns dias já sai – desabafa.

Dono do restaurante há cinco anos, Bao conta que essa foi a primeira vez que foi assaltado. Segundo ele os dois rapazes de moto chegaram ao local por volta das 13h30. O comerciante estava de costas para o balcão lavando louça quando sentiu um revólver encostar em suas costelas.

Quando se virou o comparsa do jovem já havia rendido os clientes que almoçavam. O suspeito armado pegou cerca de R$ 200 que estavam no caixa e R$ 2 mil que estavam no bolso do comerciante para pagar contas.

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Um cliente do restaurante percebeu a ação e tirou a chave da ignição da moto que os suspeitos haviam deixado estacionada. Assim, depois que eles recolheram o dinheiro do restaurante e pertences de clientes foram obrigados a fugir a pé.

Bao pegou o carro e foi atrás dos suspeitos. O que estava armado conseguiu fugir supostamente furtando uma bicicleta em uma empresa próxima. Chaves, que havia ficado fora do balcão rendendo clientes, foi pego pelo comerciante.

– Agarrei ele na unha mesmo. O pessoal de uma empresa que tem ali ajudou e consegui amarrar ele com um pedaço de corda e coloquei ele no porta-malas.

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Ao voltar para o restaurante Jorge Bao amarrou Chaves a um posto que fica quase em frente. A essa altura os clientes contumazes do restaurante já se aglomeravam e o jovem acabou agredido.

Não se sabe quem acionou a polícia, mas minutos depois uma viatura da PM encostou no local e levou o suspeito. Foi lavrado um flagrante na delegacia e o rapaz foi encaminhado para o presídio da Canhanduba. O comparsa do detido não foi localizado.

– Ele pedia “não me mate, eu tenho uma filha”, mas aí falei”eu tenho mulher e três filhos seu vagabundo e se pudesse você teria me matado” – conta o comerciante.

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