Há poucos minutos de começar a audiência pública sobre a confusão na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), deflagrada na terça-feira, a reitora da instituição, Roselane Neckel, rebateu as críticas feitas pelo superintendente da Polícia Federal (PF), Paulo Cassiano Junior. Ela disse achar “muito estranho” o comportamento do superintendente e diz que ele não “deve ter acompanhado o trabalho de sua equipe”. Acompanhe abaixo a íntegra da entrevista:
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DC – Ainda nesta quarta-feira o superintendente da PF fez algumas declarações contundentes com relação a UFSC. Uma delas é que a instituição estaria se tornando uma república de maconheiros e que a senhora seria complacente com o uso de drogas no campus. O que a senhora tem a responder sobre isso?
Roselane Neckel – É muito estranho que o superintendente da PF esteja se posicionando dessa forma. Talvez ele não saiba ou não tenha acompanhado o trabalho de sua equipe, mas no ano passado eles chamaram a reitora e o chefe de gabinete para apresentarem o inquérito inicial com relação a uma denúncia que havia sido feita sobre o uso de drogas na UFSC. Naquela ocasião nós dissemos claramente que reconhecemos e temos respeito por todas as instituições. Nós não vamos agir contra as ações da PF. Mas não podemos aceitar quaisquer ações de repressão violenta dentro do campus. Nós acreditamos que a PF tenha uma expertise muito importante que são as estratégias e inteligência, mas que quaisquer ações de combate às drogas deveriam ser feitas fora do campus da UFSC por questão de segurança das pessoas, principalmente de crianças. Eu não estou entendendo essa postura, provavelmente é desconhecimento do superintendente em relação às nossas posições quando colocamos claramente que somos contra ações violentas dentro da universidade como a de ontem (terça-feira), feita de forma desnecessária.
DC – Quanto à audiência que terá início na tarde desta quarta-feira, como a senhora pretende proceder?
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Roselane Neckel – Nós pretendemos conversar com os estudantes e com a comunidade acadêmica, vamos esclarecer todas as questões apontadas por eles e esperamos, a partir daí, recuperar a tranquilidade institucional que estava sendo construída. Inclusive o processo de diálogo pedagógico que nós temos com nossos estudantes. Espero resolver esse tensionamento desnecessário que foi criado na terça. Tomaremos as providências necessárias para avaliar os excessos. Mas continuamos repudiando qualquer tipo de violência, mas é importante também reconhecer que houve excessos por parte de algumas pessoas dentro da PF. Estes excessos inclusive farão parte de um relatório que será encaminhado à pedido do Ministério da Educação.
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DC – A senhora tentou contato com o superintendente da PF depois da confusão?
Roselane Neckel – Não porque quando fiz a primeira ligação para o superintendente ainda ontem ele não nos ouviu, não estabeleceu diálogo com a reitoria da universidade. Então nesse momento estamos deixando a situação se acalmar para posteriormente retomamos nosso contato com representantes da PF em nosso Estado.
DC – Quanto os estudantes que estavam fumando maconha, quais providências a reitoria pretende tomar?
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Roselane – Neste momento eles estão sendo acompanhados pela Advocacia Geral da União para verificar a legalidade das ações que foram tomadas ontem pela PF no campus da UFSC.
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