O trânsito na Avenida Mauro Ramos, uma das principais vias do Centro de Florianópolis, ficou bloqueada por 30 minutos devido a um protesto de um grupo de pescadores artesanais. As duas pistas foram fechadas em frente ao prédio do Ibama. Cerca de 60 pessoas se manifestaram contra a proibição do Ministério do Meio Ambiente para o uso de redes anilhadas para a pesca de tainha, que teve a safra iniciada no último dia 15.

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Devido ao fechamento da Avenida Mauro Ramos, o trânsito ficou complicado nos dois sentidos com formação de fila, resultando ainda em congestionamento em outras vias da região, como a Avenida Hercílio Luz e a Avenida Beira-Mar Norte, no acesso à Praça Governador Celso Ramos (próximo ao Hotel Majestic). A liberação da pista só foi possível depois da negociação da Polícia Militar. Uma comissão de pescadores foi convidada a entrar no prédio do Ibama para uma reunião sobre o impasse que tem mantido dezenas de trabalhadores fora da ativa.

Na reunião ficou determinado que o procurador-geral do Ibama em Santa Catarina, Henrique Albino Teixeira, irá encaminhar um oficio ao Ministério do Meio Ambiente sobre a proibição da rede anilhada (rede de pesca da tainha). Para a liberação da pesca com esse tipo de artefato é necessária uma portaria interministerial entre os Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente. O Ministério da Pesca já teria assinado o documento. As duas pastas já foram chamadas para conversar pela Casa Civil, mas até agora problema não foi resolvido.

O superintendente catarinense do Ministério da Pesca, Horst Doering, explica que há um impasse entre os ministérios da Pesca e do Meio Ambiente para a liberação do uso das redes. Doering diz ainda que dificilmente alguma decisão será tomada nesta sexta-feira.

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Os pescadores ainda têm esperança de que saia nesta sexta-feira a resposta da Justiça Federal ao mandado de segurança impetrado na quinta pela Federação da Pesca para solicitar uma autorização temporária para o uso das redes anilhadas. Só assim, a pesca poderá ser feita durante o final de semana.

A manifestação começou às 10h, em frente a Superintendência do Ministério da Pesca e Aquicultura, que fica na Rua Martinho Calado, também no Centro. Em seguida, por volta das 11h30min, eles esticaram uma rede de pesca na Rua Doutor Jorge Luz Fontes, em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Até por volta das 12h30min, o trânsito estava bloqueado e sendo desviado pelas avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz.

Nesta sexta, os pescadores foram recebidos pelo deputado Dirceu Dresch que pretende intermediar a negociação da liberação do uso da rede com o Ministério da Pesca.

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Rede é usada historicamente

A rede anilhada é uma adaptação de uma rede comum que ajuda a pegar cardumes inteiros. Ela é usada há décadas no litoral catarinense e gaúcho, mas em 2013 um pescador recebeu uma multa por estar com ela dentro do barco.

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O que é a rede anilhada?

É uma rede usada para pegar cardumes inteiros de tainha. Os pescadores identificam o cardume e vão soltando a rede enquanto o barco percorre um trajeto no formato de um círculo, cercando os peixes.

Na parte debaixo da rede há anilhas – argolas de metal – por onde passa uma corda. Assim que o cardume é cercado, essa corda é puxada e as tainhas ficam presas. Os peixes ficam “ensacados” e a rede é puxada novamente para o barco.

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É uma técnica similar à usada pela indústria pesqueira. Porém, na pesca de grande porte, são usadas redes mais fechadas, consideradas mais predatórias, pois pegam

Eugênio explica que essa é a única forma de pegar tainhas, já que elas nadam sempre em grupo e na superfície. Hoje os pescadores podem usar apenas a rede de arrasto, que captura quase tudo que está no mar, com exceção dos cardumes, que conseguem fugir.