Um corte de cabelo pode ser uma forma de expressão, de rebeldia, de fé ou, simplesmente, uma questão estética. Os motivos variam conforme o contexto histórico e social. Mas não é de hoje que a humanidade preocupa-se com as madeixas. Desde a pré-história, nossos ancestrais enfrentavam dilemas por causa do penteado.

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Há quase dois milhões de anos, nas savanas africanas, quando os homens adotaram a postura ereta, por uma questão prática, tiveram que cortar ou arrancar vários dos cerca de 120 mil fios que lhes cobriam o corpo e cresciam até um metro antes de começarem a cair.

Essa é, pelo menos, uma das teorias da origem humana que tenta explicar por que fomos perdendo os pelos ao longo do tempo. As mulheres, por sua vez, teriam se dedicado com afinco à depilação para tornarem-se mais atraentes aos olhos do macho, o que explicaria o corpo feminino ter menos pelos que o masculino.

Todas essas transformações, os significados e a importância dos fios nas mais diversas culturas estão no Livro do Cabelo, da jornalista, escritora e pesquisadora Leusa Araújo, publicado pela editora Leya.

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Na narrativa, a autora expõe curiosidades, costumes e destaca pontos importantes da história mundial e como o cabelo está ligado a esses acontecimentos. Leusa também traça um panorama atual, no qual os fios ainda exercem um grande poder de sedução e contribuem significativamente para o cenário econômico, impulsionando uma grande indústria de beleza, com mais de10 milhões de salões pelo mundo e diversos produtos cosméticos.

Os cabelos podem dar pistas valiosas de uma sociedade não apenas pela forma como são usados, mas também pela constituição dos fios.

Isso porque a fibra capilar é composta por uma proteína insolúvel e ultrarresistente, a queratina, que tem capacidade de armazenar informações toxicológicas e revelar hábitos alimentares. Um dos casos mais famosos é o de Beethoven. As madeixas do compositor permitiram, 178 anos após a sua morte, descobrir que havia uma alta concentração de chumbo no organismo, possível causa de seus males no abdômen.

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Análises feitas em restos mortais de um celta de 2.300 anos encontrado na Irlanda apontaram que o penteado moicano usado por ele – e praticamente intacto – era fixado com gel. Naquela época, o produto era feito de óleo vegetal e resina de pinho obtida da França ou Espanha, o que sugere também que o guerreiro tinha uma boa condição social.

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