Os mitos e histórias religiosas são praticamente unânimes ao apontar os cabelos como símbolo de força ou arma de sedução feminina.
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Por isso, penteados, texturas e cores sempre foram estigmatizados. O loiro na Grécia antiga, por exemplo, era a cor das prostitutas; o ruivo, símbolo de vilões e bruxas na Europa medieval. Na Idade Média, aliás, os cabelos soltos, como a palavra sugere, distinguiam as solteiras das casadas, passaram a ser a marca da pecadora e da adúltera. Todo esse misticismo em torno do cabelo feminino contribuíram para a perseguição e opressão que as mulheres sofreram nesse período.
Os cabelos também podem expressar a cultura de um povo e até revelar a posição ou situação social em algumas sociedades. Em grupos africanos de tradições bem enraizadas, por exemplo, a forma de arrumar os fios revelam a condição feminina. Assim, é possível diferenciar a mulher que acabou de menstruar da que se casou recentemente, acabou de dar à luz, divorciou-se ou ficou viúva olhando apenas o tipo de penteado.
Na Índia, as jovens e casadas separam os cabelos com a risca ao meio, atam-no em um coque na nuca e o escondem com uma volta do sári, que vai cobrindo a cabeça inteira com o avanço da idade.
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Na cultura islâmica, o véu -ou hijab – cobre a cabeça das mulheres muçulmanas para esconder a beleza dos cabelos, capaz de despertar desejos nos homens.
Em outros grupos, para expressar o luto, a mulheres devem raspar a cabeça. Entre os fenícios, aquelas que recusassem submeter-se ao ritual deveriam se oferecer como prostitutas no templo.
As viúvas indianas, por sua vez, perdem os cabelos, as joias e passam a vestir-se envoltas apenas em um pano branco sujo, símbolo da interrupção da vida sexual e do voto de pobreza.
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Em determinado ponto da história, encurtar os cabelos, pelo menos no caso das mulheres, também envolvia questões legais. Para fazer um simples corte, as mulheres que viveram no período colonial nos Estados Unidos dependiam de autorizações dos maridos. O Estado de Michigan tinha até uma lei para impedi-las de aparar as madeixas sem o consentimento do marido e, em Massachusetts, puritanos ingleses impediam o corte curto e descoberto. No Japão da dinastia Meiji (1869 – 1912), as leis e proibições eram semelhantes.
Em um passado não tão distante também é possível observar como os cabelos diziam muito sobre os costumes e o comportamento de uma época. Nas fotos de nossas bisavós ou avós, por exemplo, é comum observar que aparecem com os cabelos presos, divididos meticulosamente ao meio, com tranças enroladas em um coque, em sinal de retidão e do bom caráter das senhoras e matriarcas.