Imagine-se em um mundo sem salões de beleza. Foi assim para mulheres até 1635, até que o primeiro deles foi inaugurado em Paris por Champagne, conhecido como le sieur (monsieur, em francês) – mesmo assim, era um privilégio para poucas damas ricas que tinham condições de frequentar o local. Apenas no século 20, quando a mulher passou a conquistar espaços públicos e a água corrente começou a sair da torneira, é que esses estabelecimentos se expandiram.

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Até isso acontecer, enquanto os homens recorriam aos barbeiros, elas tinham os cuidados de beleza em casa.

Na corte francesa já existiam cabeleireiros que eram tratados como celebridades e colocaram Paris no centro do penteado feminino. Eles circulavam pelos palácios, teatros e salões da nova classe burguesa de casacos vermelhos, calções pretos e um pequena espada presa à cintura. Um dos mais célebres e aclamados foi Léonard, que dedicou suas tesouras às madeixas da rainha Maria Antonieta.

Outro nome importante para a história dos cabelos também é francês: Le Gros Rumigny. Ele criou a primeira escola profissional de cabeleireiros de que se tem registro, a Academia do Penteado, também em Paris, onde ensinava às criadas como pentear as damas.

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Visionário, Rumigny foi o precursor das manequins quando fez circular pela França 42 modelos de penteados apresentados em bonecas nas feiras da época junto com o livro “L’ Art de la Coiffure des Dames”, escrito por ele.

Durante a Revolução Francesa, no entanto, o setor amargou um declínio. Cabeças empoadas foram parar na guilhotina, Le Gros faleceu e Léonard fugiu para a Rússia poucas horas antes de a comitiva real ser capturada.

Com Antoine, aquele da tesourada do século, a Paris dos anos 20 voltou a ser símbolo da moda. Além disso, as invenções movidas a gás, vapor e eletricidade, além de produtos químicos, agitaram a indústria.

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Nos anos 60, as atenções voltaram-se para outra cidade: Londres e o cabeleireiro Raymond Bessone, conhecido como Mr. Teasy Weasy por causa dos movimentos que fazia com as mãos para cima e para baixo antes de fazer os penteados nas clientes.

Bessone construiu uma verdadeira dinastia dos cabelos: ensinou Vidal Sassoon, responsável por eternizar o corte assimétrico “cinco pontas”, e pelo cabelo curtíssimo de Mia Farrow no filme O Bebê de Rosemary. Do salão de Sassoon veio Joshua Galvin que, ao lado do irmão Daniel, assinou os cabelos da cantora Madonna e de Lady Di nos anos 1980.

No Brasil, os anos 1960 representaram o marco zero para os cabeleireiros. Houve a separação formal dos barbeiros e foi criado o Comitê Artístico Brasileiro, nos moldes europeus, que passou a selecionar profissionais para participar de concursos internacionais de cortes e penteados.

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Vinte anos depois, os negócios se expandiram por meio das franquias que espalhavam-se pelo País, caso das redes Soho, do japonês Hideaki Iijim, e Werner e do gaúcho Rudi Werner. Em seguida, nomes como Mauro Freire, Celso Kamura, Marco Antonio di Biagii, Wanderley Nunes e muitos outros despontaram no aclamado mundo da moda e celebridades.