O Diário Catarinense começou na segunda-feira uma série de entrevistas com os candidatos ao governo de Santa Catarina. A ordem de publicação segue o critério de representação na Câmara dos Deputados das coligações e partidos. Aos quatro que têm maior tempo de TV – pela ordem: Raimundo Colombo (PSD), Paulo Bauer (PSDB), Cláudio Vignatti (PT) e Afrânio Boppré (PSOL) -, foram feitas cinco perguntas iguais. Os outros quatro candidatos de siglas de menor porte foram convidados a fazer uma apresentação da candidatura. O candidato Elpídio Neves (PRP) preferiu não gravar o vídeo, por discordar do espaço destinado à candidatura.

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::: Confira a transcrição do vídeo da entrevista

Por que quero governar Santa Catarina?

Janaina Deitos (PPL)

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O povo catarinense é um povo trabalhador e criativo, que ao longo dos últimos 150 anos construiu uma economia diversificada e vigorosa. Nosso Estado é rico, um Estado com potencial. Apesar disso, ainda temos muitos problemas no serviço público. Eu tenho dito que o desenvolvimento de um Estado, o desenvolvimento econômico e humano, está na capacidade do seu governo de investir e transformar as riquezas produzidas pelo povo em serviços públicos de qualidade. O que nós temos assistido nos últimos anos, tanto no Estado quanto no governo federal, é o descompromisso com o patrimônio e os serviços públicos. O aparato estatal, os recursos financeiros, humanos e físicos, não estão à disposição dos interesses da coletividade. Por isso temos problema na saúde, na educação, na segurança. Querem me fazer crer que o problema é falta de dinheiro, burocracia. Este não é o problema, desde que você esteja comprometido. É por isso que quero ser governadora. Porque o PPL e o PMN têm um programa de governo para enfrentar esses problemas. Dinheiro há muito. Santa Catarina tem uma previsão de arrecadação de R$ 23 bilhões em 2015. Além disso, vamos enfrentar o problema da dívida pública. O governo federal assumiu a dívida de Santa Catarina, que tinha uma dívida com vários bancos. Santa Catarina passou a pagar só ao governo federal. Em 1998, era R$ 1,5 bilhão. Passaram-se 16 anos, já pagamos R$ 11,7 bilhões e ainda estamos devendo R$ 15 bilhões. Isso é um absurdo, um assalto aos cofres públicos. É como quando você compra uma casa, paga a última prestação do seu financiamento e ainda está devendo três casas. Todas as pessoas recorrem ao Poder Judiciário porque essa conta não fecha, da mesma maneira que a conta da dívida não fecha. Nós vamos recorrer ao Judiciário. Tem governos, e o atual, que recorreram ao Poder Judiciário para não pagar os professores. Nós vamos recorrer para acabar com o assalto que está sendo feito através da dívida. Com isso, vamos ter dinheiro para resolver os problemas da educação, da segurança, para enfrentar as mazelas sociais. Mais de 100 mil catarinenses vivendo abaixo da linha da pobreza. Menos de R$ 70 por mês esses catarinenses ganham. Mais de 100 mil catarinenses ainda desempregados, mais de 100 mil catarinenses analfabetos em pleno século 21. Nosso Estado pode muito mais.

Gilmar Salgado (PSTU)

O PSTU apresenta um programa alternativo para Santa Catarina. Santa Catarina é um Estado rico, só anos passado arrecadou R$ 23 bilhões. Destinou para os juros da dívida pública mais de R$ 9 bilhões, junto com as isenções fiscais que chegaram, somando tudo, a R$ 30 bilhões. Essa riqueza hoje produzida pelos trabalhadores não serve para enriquecer os trabalhadores, serve para enriquecer um punhado de grandes empresários e grandes banqueiros. Queremos inverter essa prioridade, porque governar é uma opção e a opção do PSTU é governar para os trabalhadores. Porque até hoje os governos governaram para os ricos e poderosos. A saúde e a educação estão hoje nessa situação por responsabilidade dos governos, que cortam verbas e as privatizam. Por exemplo, as organizações sociais. Então, o PSTU defende o investimento imediato de 10% do PIB na educação, aumentar o salário e aplicar o piso, que o governo Colombo não aplicou e ainda destruiu a carreira dos trabalhadores. Na saúde também precisamos de 10% do PIB imediatamente, desprivatizar os hospitais, aumentar os salários dos trabalhadores, melhorar suas condições de trabalho e reduzir a jornada para 30 horas. Queremos também tocar em outro assunto e fazer uma denúncia. No dia 19, a sede do PSTU em Criciúma foi invadida e danificada. Nada foi roubado, onde fica mais uma vez claro que se trata de uma crime político, dentro de um contexto das criminalizações dos movimentos sociais, que têm se acentuado no último período desde as mobilizações de junho do ano passado. Isso é criminalização dessas lutas, temos o exemplo também em junho teve a mobilização e, agora, na Universidade Federal de Santa Catarina, no levante do bosque, também tem militantes do PSTU, professores universitários e profissionais, que estão sendo criminalizados. Amanhã (dia 22/08), teremos uma grande manifestação aqui em Florianópolis, da ocupação Amarildo, do povo negro quilombola e também dos índios do Morro dos Cavalos, os guaranis. Exigimos que os governos parem com a repressão e a criminalização, inclusive ameaças de morte contra as lideranças desses movimentos. Queremos que o governo arquive todos os processos contra os lutadores, os movimentos sociais, porque lutar é um direito. Nós descomemoramos, recentemente, os 50 anos da ditadura militar. Conquistamos algumas liberdades democráticas. Lutar é um direito e nós queremos que o governo respeite esse direito. Pedimos seu voto no 16. O PSTU é um partido diferente e quer estar com você nas eleições. Somos a extensão das lutas dos trabalhadores nessas eleições.

Marlene Soccas (PCB)

Governar Santa Catarina significa realizar tudo que Colombo não tem feito ou qualquer outro governo capitalista. Há um mito de que tudo vai bem, quando na verdade não é assim. As greves ocorridas durante o governo Colombo provaram a sua ineficiência nas principais áreas, saúde e educação. Os professores fizeram uma longa greve, duríssima. Os agentes penitenciários, a Polícia Civil, fizeram greves com muita dureza, com muita repressão, provando que suas necessidades não eram bem satisfeitas. Os R$ 10 bilhões que o governo vai receber ou já recebeu de um pacto que fez com o governo federal não vão ser destinados para resolver os problemas dos trabalhadores. Vão ser destinados para as elites, isso sim, para os mais ricos. Tanto isso é verdade que 18% de saneamento básico é o que existe para a população, o resto não tem. Isso é um dado que mostra o ridículo da ineficiência do Colombo. A infraestrutura, Casan, Celesc, os hospitais, estão em uma política de privatização. Isso vai piorar para os trabalhadores e para a população em geral. A oposição contra Colombo se resume a nós, comunistas, e alguns partidos que defendem o socialismo. Os outros são todos iguais, Paulo Bauer, Colombo, vão estar no governo de uma forma ou de outra, como sempre estiveram. É bom lembrar que foi no governo Colombo que se desenvolveu o PGC, o Primeiro Grupo Catarinense, que tem força, a qualquer momento, para parar o nosso Estado. As jornadas de junho de 2013 mostram que é uma urgência transformar o nosso Estado e não apenas reformulá-lo. Nós, comunistas, propomos o governo diretamente do povo para resolver esses problemas. Um governo em que o povo organizado se colocará em todas as esferas da sociedade para resolver todas as necessidades, principalmente dos trabalhadores do campo e da cidade.

Elpídio Neves (PRP)

O candidato Elpídio Neves (PRP) preferiu não gravar o vídeo, por discordar do espaço destinado à candidatura.

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