As escutas telefônicas da Operação Bola Murcha confirmaram as investigações, revelaram provas e indícios suficientes da fraude no desvio de repasses de subvenções à Organizações não Governamentais (ONGs) fantasmas para eventos esportivos e ainda demonstraram conluio e acertos dos principais alvos para causar prejuízo à apuração.
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A afirmação consta na decisão do juiz Renato Guilherme Gomes Cunha ao determinar as cinco prisões preventivas dos suspeitos, entre eles o ex-deputado estadual e ex-secretário de Estado do Turismo, Esporte e Cultura, Gilmar Knaesel (PSDB), na semana passada, em Florianópolis. Ao todo, foram 22 números interceptados de nove investigados. Destes, os cinco que foram presos ficaram 15 dias tendo as ligações monitoradas pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
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O inquérito da operação, a que o DC teve acesso, demonstra ainda que os investigados fizeram contatos frequentes, tinham desconfiança e preocupação com a investigação policial sobre os repasses de verbas a entidades de Biguaçu. A Deic fez os grampos em abril deste ano por 14 dias, justamente no período em que eles estavam sendo intimados e interrogados na polícia.
Ao telefone, Knaesel é citado como “Gê” por interlocutores investigados, entre eles o assessor Arlindo Kléber Corrêa, que demonstra ser o mais próximo dele. Conforme a Deic, os investigados manifestaram que tinham conhecimento da investigação. O ex-deputado, na avaliação dos policiais, figurou em diversas conversas suspeitas, sendo sete delas consideradas relevantes e destacadas no inquérito.
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Numa ligação ao assessor Kléber, reclama de Leandro, que a Deic afirma ser Leandro Laércio de Souza, responsável por ONGs suspeitas e que também está preso – a polícia diz que há seis ONGs suspeitas e que os desvios confirmados até agora na gestão de Knaesel alcançam R$ 551,4 mil. Para a Deic, Knaesel, tentou não deixar nenhum indício no telefone sobre seu envolvimento com as fraudes e fez diálogos simulados já evitando cair no grampo.
O político e outros investigados combinaram encontros durante as escutas e os interrogatórios da Deic, que entende ter sido justamente para falar sobre o conteúdo da apuração policial. O inquérito está com o Ministério Público de SC e a polícia aguarda apenas a conclusão da análise sobre os telefones celulares apreendidos com os investigados nas buscas.
Conversa revela que os indiciados sabiam que a Polícia Civil investigava o grupo
Dia 22 de abril, deste ano, o ex-deputado se refere a outros suspeitos investigados
Dia 21 de abril o ex-deputado fala sobre a investigação e dinheiro para campanha
Em outra conversa, Knaesel demonstra irritação e comenta sobre as cópias do inquérito