Anunciada domingo à noite, a intervenção no Consórcio Siga e na empresa Nossa Senhora da Glória se concretizou na manhã desta segunda-feira. Foi através do presidente do Seterb, Carlos Lange, que o interventor nomeado pela Câmara Técnica, Jardel Fabrício Rangel, assumiu temporariamente a administração da empresa responsável por 66% dos quilômetros rodados do Siga em Blumenau.
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Lange explicou que, conforme os trabalhos do interventor forem avançando, a situação da empresa pode voltar ao normal.
– O objetivo é procurar fazer o levantamento dos dados necessários para que se tenha um diagnóstico preciso da empresa e também do Consórcio. O Jardel assume, mas os serviços seguem normalmente, já que a intervenção é temporária – explicou ao lembrar que a ação é válida por 90 dias, mas pode se prorrogada por mais 90.
Sobre a quarta paralisação dos trabalhadores no período de cinco meses, Lange afirmou que o Seterb, através da Câmara Técnica, fará junto com o sindicato um plano de ação transparente para tentar reverter a situação, mas que, no momento, é complicado obter recursos efetivos para sanar o problema com o pagamento dos salários.
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Glória pode levar até seis anos para se reerguer, afirma atual diretor
José Eustáquio Ribeiro de Urzedo, sócio-diretor da Glória desde 2013, acompanhou de perto toda a movimentação na empresa. O empresário tentou, inclusive, apresentar os 15 colaboradores que atuam no setor administrativo à comitiva do Seterb, mas Lange pediu que cada um fizesse sua própria apresentação.
Ao ser questionado sobre a validade da intervenção, Urzedo afirmou que, apesar da empresa ter cerca de R$ 128 milhões em dívidas acumuladas, ainda é possível reerguer o negócio.
– Ela (a intervenção) veio exatamente para destampar a panela. A empresa fala uma coisa e eles (Seterb e Siga) entendem outra coisa. A finalidade da intervenção é isso, deixar as coisas transparentes e claras e garantir a prestação do serviço. O povo não pode ser prejudicado – pontuou.
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Urzedo ainda calculou um possível déficit tarifário e sugeriu que as passagens não podem ter preços únicos, mas sim, um valor para cada empresa.
– A Glória tem uma dívida muito alta. Levaria entre cinco e seis anos para restabelecer a empresa. Ela tem condições de superar essa crise financeira, mas para isso é preciso ter igualdade na distribuição da renda ativa. A tarifa é única para o público, mas ela não pode ser única para cada empresa. Hoje, por exemplo, em vez de ser tudo R$ 3,30, a tarifa da Glória deveria ser R$ 3,56, da Rodovel R$ 3,20 e da Verde Vale R$ 3,17 – calcula.
O empresário deixou a empresa carregando nos braços um notebook e uma pilha de papéis que, segundo ele, são documentos pessoais. Nem o interventor, Jardel Fabrício Rangel, nem o presidente do Seterb, Carlos Lange, questionaram Urzedo sobre os materiais levados.
Por fim, Lange ressaltou que o mesmo procedimento que ocorreu na Glória será feito no Consórcio Siga. Neste caso o responsável pela nova administração será Sérgio Chisté, ex-diretor-presidente do Seterb.
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