Às vésperas do maior campeonato de futebol do planeta, nem todos os brasileiros estão interessados em futebol. A imagem do país para os estrangeiros, a infraestrutura para turistas, a política que gira ao redor da Copa do Mundo, os protestos, os ganhos e perdas com os investimentos; todos estes são tópicos que vêm sendo discutidos pela população, pela mídia e – por que não? – pelos vestibulares desde que o país foi eleito como sede do torneio.
Continua depois da publicidade
:: “Sucesso (ou não) da Copa muda abordagem nas provas”, diz professor
:: Udesc altera datas para não coincidir com Acafe e Copa do Mundo
Para deixar a situação mais tensa, o evento ocorre poucos meses antes das eleições, fazendo com que até a discussão mais pacata sobre futebol crie brecha para um complexo debate político. Ainda é cedo para prever o resultado, mas será impossível falar do Brasil no vestibular sem nem sequer mencionar o megaevento.
Continua depois da publicidade
As seleções do meio do ano ocorrem antes da Copa. Já o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), geralmente aplicado em outubro, é formulado a partir de bancos de questões pré-produzidas e provavelmente não dependerá do sucesso ou fracasso do torneio para selecionar as perguntas. Onde, então, a Copa do Mundo pode ser discutida no universo dos processos seletivos?
– Provavelmente nas perguntas mais genéricas, e não naquelas voltadas ao campeonato em si. Uma questão de Geografia pode discutir a situação de um jogador que um dia está no Sul do Brasil, outro no Nordeste, outro no Centro-Oeste – especula o professor Marcos Monteiro, do pré-vestibular Energia.
Mesmo que a maioria das universidades prefira se manter relativamente isento ao tratar da Copa do Mundo de 2014, é sempre vantajoso ter certas cartas na manga ao discutir temas mais amplos. Pensando nisso, o Vestibular DC discute alguns tópicos que têm tudo para virar questões de prova no meio e no fim do ano.
Continua depois da publicidade
Mais sobre a Copa:
:: Embaixas alertam sobre violência durante campeonato
:: Exposição da Taça do Mundo atrai 10 mil em Florianópolis
:: Mensagem de Papa contra racismo deve ser lido na abertura da Copa
Falar sobre gastos públicos na Copa em uma redação sobre as expectativas para a Olimpíada de 2016, por exemplo, pode ser o diferencial entre uma redação ótima e uma “mais ou menos”. Mas cuidado: sabemos que todos têm opiniões, porém construa suas críticas ou comentários apenas em cima de dados concretos, evitando assim parecer desinformado.
Por isso, separe um tempinho em julho para relaxar e assistir aos jogos, mas não deixe de prestar atenção no que acontece ao redor dos estádios.
:: “Não vai ter Copa”
Em junho de 2013, o aumento na passagem de ônibus em SP gerou uma das maiores ondas de protestos que o país já viu. Foi nesse momento que surgiu o grito de guerra “Não vai ter Copa”, o slogan da insatisfação de parte da população contra as imposições da Fifa e os gastos públicos.
Continua depois da publicidade
Uma pesquisa de fevereiro da Confederação Nacional dos Transportes afirma que, caso a escolha do país sede da Copa fosse feita hoje (e não em 2007), 50,7% dos entrevistados não apoiariam a candidatura do Brasil. Caso encontre questões sobre protestos, tome cuidado com as politizações exageradas e reflita sobre os benefícios gerados pela Copa.
:: Cinco copas e o sentimento do brasileiro
Tratar de eventos históricos não é restrito à História, pode ser feito em praticamente todas as matérias. Aqui, podemos dizer que o foco gira em torno dos cinco títulos do Brasil: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
A Copa do México em 1970, por exemplo, é muito emblemática. Ocorrido dois anos após a promulgação do AI-5 e seis anos após o golpe militar, o campeonato foi usado como forma de propagandear o governo Médici. A vitória final do Brasil sobre um dos principais adversários, a Itália, foi o ingrediente que faltava para aumentar a sensação de patriotismo.
Continua depois da publicidade
Será que isso se repetiria hoje? Provavelmente. Uma recente pesquisa do Ibope mostra que 22% dos eleitores do RS acreditam em uma íntima relação entre o desempenho da seleção brasileira e as eleições. Análises em outros Estados mostram resultados semelhantes.
:: Iniciativas pública e privada
Quando o Brasil foi eleito a sede da Copa, em 2007, o então ministro do Esporte prometeu que não haveria “um centavo de dinheiro público para os estádios”. Em um artigo da mesma época, o então presidente da CBF disse que esta seria conhecida como a “Copa da iniciativa privada”. Hoje, estimativas mais otimistas falam em gastos de R$ 5,6 bilhões. No vestibular, cuidado com questões sobre investimentos públicos na Copa, as discussões sobre a utilização de impostos são comuns.
:: Mão de obra necessária
Um evento do porte da Copa do Mundo gira a economia de um país e mobiliza uma multidão de trabalhadores de diversas áreas, do turismo à construção civil. Quando a Fifa escolheu o Brasil como sede do campeonato de 2014 estimou que seriam necessários 36 mil trabalhadores para atuar no evento. A maior parte deles – 22 mil – apenas na questão da hospitalidade, principalmente na época em que o país irá lotar de turistas do mundo inteiro.
Continua depois da publicidade
Programas diversos têm trabalhado na questão da capacitação da mão de obra para a Copa do Mundo. O Pronatec Copa oferece cursos gratuitos em diversas áreas do setor turístico, enquanto o Pronatec Copa na Empresa é destinado à qualificação de profissionais do setor de turismo a partir das demandas do próprio empregador.
A capacitação também pode se tornar uma grande vantagem para os brasileiros depois da Copa. Uma empresa patrocinadora do evento ofereceu treinamento a 70 catadores de lixo que vão trabalhar no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, em Brasília. Segundo a própria empresa, estas pessoas terão mais facilidade para buscar outros empregos após o campeonato.
No ano passado, foi muito polêmica a atitude da Associação das Prostitutas de Minas Gerais em aprimorar os conhecimentos em inglês de mais de 300 prostitutas e travestis.
Continua depois da publicidade
:: O Brasil pós-Copa
Segundo o governo federal, a realização da Copa deve atrair 500 mil estrangeiros, com capacidade de gastarem cerca de R$ 3 bilhões. Em abril, o ministro Aldo Rebelo voltou a defender a “Copa privada” e afirmou que cada R$ 1 investido pelo governo renderá R$ 3,40 em comércio, turismo e investimentos estrangeiros.
Para o professor Marcos Monteiro, do pré-vestibular Energia, é possível que alguns vestibulares discutam o Brasil pós-Copa, elencando benefícios ao país, mas dificilmente as provas irão apelar ao lado “chapa branca” e ovacionar o campeonato sem problematizar a situação. rosos e envolvendo entes públicos e instâncias de poder em uma articulação sem precedentes.