O mundo inteiro está de olho no Brasil. Com a Copa da Fifa chegando, cada movimento da organização do campeonato é analisado por economistas, esportistas e analistas de todos os países. Para deixar a situação mais tensa, o evento ocorre poucos meses antes das eleições, fazendo com que até a discussão mais pacata sobre futebol crie brecha para um complexo debate político.
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Ainda é cedo para prever o resultado, mas será impossível falar de Brasil no vestibular sem nem sequer mencionar o megaevento. Por isso, preparamos uma proposta de redação sobre a Copa do Mundo (tomando cuidado para deixá-la ampla o bastante para cobrir vários tipos de prova) e convidamos o professor Everaldo Radlinski, do pré-vestibular COC, para discutí-la e comentá-la. Confira abaixo:
Proposta:
O evento decidirá muito mais que o futuro do futebol. A chamada “Copa das Copas” tem sido criticada por uma parcela da população, que questiona os investimentos públicos em detrimento de serviços como educação e saúde, e pelos partidos de oposição, que acusam o governo federal de atrasar e superfaturar as obras. Os textos abaixo mostram alguns aspectos do embate que se forma desde a escolha do Brasil como sede do evento. A partir deles, exponha sua opinião sobre o tema: como a Copa do Mundo influenciará na opinião do cidadão brasileiro sobre o próprio país?
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Texto A
Dilma diz que está “tranquila” com os aeroportos em cidades-sede da Copa
A presidente Dilma Rousseff afirmou que está “tranquila” em relação à situação dos aeroportos das 12 cidades que receberão a Copa do Mundo. Ela disse que a ampliação de alguns aeroportos, sem especificar quais, não estão vinculados ao Mundial. Segundo Dilma, já seriam ampliados de qualquer modo.
Obras mais ambiciosas de terminais de cidades como Belo Horizonte e Salvador só serão entregues após o Mundial. Nesse sentido, afirmou Dilma, os aeroportos tal como estão agora têm, sim, condições de receber adequadamente os turistas que viajarão pelo país durante a Copa.
? Origem: Folha de S. Paulo online – 29/4/2014. Matéria original.
Texto B
Copa do Mundo deve criar 48 mil empregos
A Copa do Mundo deve gerar cerca de 48 mil postos de trabalho no setor de turismo nos 12 Estados que receberão partidas da competição, mas a maioria dessas vagas será apenas temporária, de acordo com estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que utilizou como base as estimativas da Embratur de que o país vai ter um fluxo de 3,6 milhões de turistas nacionais e estrangeiros durante o Mundial.
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– Se não tivesse Copa a geração seria menor até que no ano passado, quando foram abertas 27,5 mil – afirmou o economista Fábio Bentes, coordenador da pesquisa.
? Origem: O Globo – 7/04/14. Matéria original.
Texto C
PM apreende só 18 máscaras com 262 detidos em protesto contra a Copa
O segundo protesto contra a Copa do Mundo do ano, em São Paulo, começou por volta das 17h45min. Gritando palavras de ordem como “Não vai ter Copa”, o grupo tomou a Avenida Ipiranga, em frente à Praça da República. Uma hora depois do início do protesto, o tumulto começou.
Policiais que se mantinham às margens das ruas e nas calçadas passaram a isolar grupos de manifestantes no meio da via, na Rua Xavier de Toledo, no sentido do teatro Municipal. (…) Pelo menos 230 pessoas foram algemadas e levadas em três ônibus para delegacias da capital. (…)
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? Origem: O Estado de S. Paulo – 28/02/14. Matéria original.
Comentário do professor
EVERALDO RADLINSKI
Professor de redação do pré-vestibular COC
Conforme o resultado do mundial de futebol se abrirão duas linhas de abordagem: a primeira, com o sucesso da organização e uma vitória da seleção Canarinho, os vestibulares focam no “nacionalismo”, “ufanismo verde-amarelo”, legados tangíveis (infraestrutural) e intangíveis (cultural) do evento; a segunda, com o fracasso da Copa e uma derrota brasileira nos gramados, levaria a focos como “pseudonacionalismo”, “afronta à soberania”, ou então “derrota da logística”.
No Enem, a derrocada da organização nem apareceria, uma vez que não interessa politicamente ver milhões de estudantes reavivando os aspectos negativos do mundial. Se for cobrado, o candidato pode sutilmente questionar o gigantismo do evento frente a tantas outros investimentos, sem ampliar a “politização” do tema. Na prova da UFSC, com o (in)sucesso brasileiro caberia ao candidato diante de uma exploração criticamente negativa sustentar a tese sem muita politização; e, frente a uma abordagem positiva, levantar os legados do mundial.
Entre tantos pontos envolvidos com a realização da Copa, vale uma boa pesquisa do candidato nos seguintes legados: renovação da infraestrutura urbana (estádios, edificações, mobilidade, telecomunicações, aeroportos); sociocultural (a autoestima do povo e a capacitação, inclusão pelo esporte, investimentos em segurança, saúde, geração de renda); e o legado institucional, ligado à experiência de gerir um megaevento com prazos rigorosos e envolvendo entes públicos e instâncias de poder em uma articulação sem precedentes.
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