Após mais de 24 horas de discussões e negociações, no começo da noite de sexta-feira, o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap) Leandro Lima anunciou a desativação da Central de Triagem, em Florianópolis. Foram retirados 190 presos do conhecido “Cadeião do Estreito”. De acordo com o Deap, a estrutura passará por uma avaliação e vistoria após a depredação ocorrida na quinta-feira, com a chegada de novos presos.

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Provisoriamente neste fim de semana, detentos de outras delegacias podem ser transferidos para a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), também no Estreito. Por volta das 18h30min começaram a sair os primeiros detentos. Ao total serão 120 para as unidades prisionais de Itajaí, 40 para Lages e 30 seguem para Tubarão.

Lista com o número dos presos e o local para onde foram transferidos. Foto: Ricardo Wolffenbüttel / Agência RBS

– Foram uma série de medidas judiciais entre a quinta e a sexta que culminou nesta decisão por parte do Deap – declara Lima.

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O último dia de atividades na unidade foi tenso e repleto de informações desencontradas. Logo cedo, familiares já faziam plantão em frente à Central de Triagem preocupados com um novo e possível confronto, conforme ocorrido na quinta, quando chegaram mais 50 presos e o interior da unidade ficou destruído. A dona de casa Rute Maria da Veiga, 50 anos, estava preocupada com seu filho.

– Ele está lá dentro, me disseram que ele está machucado. Sei que ele errou mas estou aqui e ninguém diz nada – disse.

Durante a madrugada de quinta e sexta, presos ficaram amontoados nas celas e os novos que chegaram passaram a noite no corredor, conhecido como “canudo”, por falta de espaço nas celas. Ainda na noite de quinta, uma nova determinação judicial autorizava a transferência de 80 detentos. Agentes prisionais não concordavam com a retirada de uma parte dos detentos e os próprios presos diziam que “ou sairiam todos, ou não sairia ninguém”.

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– Ou transfere todos ou não transfere nenhuma, se não vai haver confronto. A muvuca de ontem (quinta) comprometeu a estrutura – destaca o agente prisional Mario Antônio da Silva.

Na sexta, no começo da tarde, começaram a chegar o pelotão de choque e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) para apoio à retirada. A conhecida “bomba relógio” do Estreito, podia estourar a qualquer momento. Por volta das 14h, o diretor do Deap, Leandro Lima se reuniu a portas fechadas com os agentes penitenciários. Durante toda a tarde as portas da Central de Triagem permaneceram fechadas sendo permitida apenas a entrada de servidores e policiais. No início da noite os presos começaram a ser removidos. Não houve resistências na retirada da unidade.

Nova Unidade

Um projeto aprovado prevê a construção de uma nova unidade com capacidade para 407 vagas. De acordo com Leandro Lima a obra já tem recursos garantidos de R$ 14 milhões para a construção. O local ainda não foi definido, mas Lima garante que alguns espaços na Grande Florianópolis já estão mapeados. O Deap não quis arriscar uma previsão para conclusão da obra.

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