Desafiando a lei da física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, agentes de segurança do Estado conduziram mais 50 presos para à Central de Triagem, no Estreito, em Florianópolis, levando a contagem da unidade para 201 detentos na tarde desta quinta-feira. A superlotação tem aumentado a tensão no local, que por um acordo firmado entre Ministério Público, Judiciário e o Departamento de Administração Prisional (Deap) deveria manter o limite em 80 presos.
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A chegada de novos detentos aumentou a revolta dentro das celas, que foram amarradas com panos aos gritos de “aqui ninguém entra mais”. Cerca de 20 agentes utilizaram bombas de efeito moral para conter os ânimos no interior da unidade e possibilitar a entrada de mais presos, que foram colocados em um corredor apelidado de canudo.
Durante a tarde, representantes do Deap ofereceram a alternativa de transferência de 90 detentos para vagas que surgiram em Tubarão, Itajaí, Joinville e Lages. Proposta que foi rejeitada pelo grupo de agentes prisionais, que só aceitam a transferência de todos os 201 presos que se encontram na Central, conhecida por Cadeião do Estreito. De acordo com o efetivo que trabalha no local, a superlotação causou danos em quase todas as celas e seria preciso a retirada de toda população carcerária para que sejam feitos os reparos.
Segundo o agente penitenciário Carlos Giovani, que já foi diretor da unidade, o local destinado para os presos, incluindo o pátio, tem 157 metros quadrados e conforme a Lei de Execução Penal cada preso deve ficar retido em seis m². Atualmente, cada detento fica limitado a apenas um metro quadrado. Espaço que aperta mais a cada nova chegada.
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Os presos permanecem de 25 a 60 dias na unidade antes de serem transferidos. Em média, chegam cerca de 250 detentos de outras delegacia por mês na unidade. O diretor da Central de Triagem reforça que os presos não querem aceitar o ingresso de mais homens, mas uma decisão do Judiciário prevê o ingresso de novos detentos, mesmo diante da superlotação.
Com a recusa da proposta enviada pelo Deap para transferência de 90 detentos da Central de Triagem, o diretor do Deap, Leandro Lima, informou que nesta sexta-feira o órgão deve buscar alternativas e tomar todas as providências para manter um diálogo com os grevistas e contornar a situação para efetuar a transferência dos detentos.
– Há uma situação complicada, que não depende somente do Deap, e esperamos que haja bom senso por parte do sindicato para que possamos retirar estes presos de lá – disse.
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Com informações da repórter Mônica Foltran