“Estou noites sem dormir, a situação aqui é tensa e preocupante”, diz o diretor da Central de Triagem, no Estreito, em Florianópolis, Silvio Provin, enquanto gritos e barulhos de grades são ouvidos de dentro do complexo que abriga as celas. As vozes dos 151 detentos que ficam provisoriamente na unidade conhecida como “Cadeião do Estreito” fazem tremer as paredes e disparar o coração de quem está lá.
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Com o clima tenso, a cada minuto, parece que uma rebelião vai estourar. Agentes penitenciários dizem que a situação chegou ao limite. Não há como conter o que está por vir. A sensação de que algo grave está a ponto de estourar é por conta da chegada prevista de mais 47 presos, ainda esta tarde. Com as grades amarradas com panos, os detentos garantem: “aqui ninguém entra mais”.
Em greve há 10 dias, agentes penitenciários dizem que as celas da Central de Triagem não suportam um número maior de detentos. O agente penitenciário Carlos Giovani lembra que um acordo firmado entre Ministério Público, Judiciário e o Departamento de Administração Prisional (Deap) garantia que o local deveria manter o limite de 80 presos na unidade. Realidade que está longe. Com a chegada prevista de outros 47 homens, a unidade está prestes a chegar aos 200 detentos.
– Os presos já ameaçaram, bateram na grade, não vão receber mais ninguém. É desumano. Chegaram 15 e o problema vai ser quando eles entrarem nas celas -declara Giovani.
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Segundo o agente, que já foi diretor da unidade, o local destinado para os presos, incluindo o pátio, tem 157 metros quadrados e conforme a Lei de Execução Penal cada preso deve ficar retido em seis m². Atualmente, cada detento fica limitado a apenas um metro quadrado.
Com a falta de vagas, a situação chegou ao limite. No vídeo feito pela reportagem do Diário Catarinense nesta quinta-feira, detentos mostram a realidade das celas, com condições insalubres e paredes mofadas. Acuados, chegam a ameaçar matar uns aos outros.
Os presos permanecem de 25 a 60 dias na unidade antes de serem transferidos. Em média, chegam cerca de 250 detentos de outras delegacia por mês na unidade.
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