A cidade acordou sem ônibus, mas, após sucessivas paralisações durante todo o ano de 2015, a situação já nem era mais de surpresa para o blumenauense. Nesta segunda-feira, primeiro dia útil após o rompimento do contrato de concessão do Consórcio Siga e sem nenhum sistema de transporte coletivo funcionando, quem precisou ir ao trabalho colocou em prática as táticas que foi forçado a aprender durante os últimos meses. Caronas entre amigos e colegas de trabalho, vans e micro-ônibus fretados por empresas, táxi, bicicleta ou as próprias pernas. Cada um deu seu jeito de levar a rotina.
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A auxiliar de talhação Eliane Welter era uma das que aguardava em frente ao Terminal do Aterro às 6h desta segunda-feira. A espera pela carona contrastava com o terminal vazio e fechado. Uma carona a trouxe de casa, na Itoupava Central, até o ponto de encontro onde o chefe a buscaria depois das 7h para levar a funcionária de 47 anos para a empresa, no bairro Vila Nova.
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Ao lado de Eliane, Vanderlei Silva passava um pano no táxi que pela primeira vez recebia um descanso desde o dia anterior. Motorista de ônibus, sem transporte coletivo na cidade ele passou a trabalhar como freelancer dirigindo um táxi.
– Está bombando desde ontem (domingo). O pessoal pega o táxi e já agenda corrida para o resto da semana – conta.
Além do táxi, ônibus intermunicipais também foram uma opção para quem precisava do transporte público. Na Rua 2 de Setembro, na Itoupava Norte, a costureira Salete dos Santos aguardava no ponto de ônibus o veículo que vinha da cidade vizinha de Pomerode.
– Dou sorte de trabalhar na rota dele, então sempre que tem paralisação uso o ônibus de Pomerode.
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Mas nem todos conseguiram contar com caronas ou outros veículos para ir ao trabalho. As calçadas de Blumenau amanheceram cheias de moradores que saíram à pé ou de bicicleta. O dia de sol colaborou, embora o sol castigasse quem precisava caminhar. A auxiliar administrativa Larissa Laureth, de 18 anos, precisou pegar a bicicleta e fazer sobre duas rodas o trajeto que normalmente faz de ônibus. Ela mora no Garcia e trabalha na Rua XV de Novembro:
– Pelo menos nesse caminho tem ciclofaixa, fica um pouco melhor para ir de bicicleta. Vou ter que fazer isso a semana inteira.
Já o enfermeiro William Bovolento precisou usar as pernas mesmo. O rapaz de 27 anos caminhava a passos apressados pela Rua 7 de Setembro em direção ao Hospital Santa Isabel. Morador da Vila Nova, teve que encarar quase uma hora de caminhada até o trabalho.
O caminho, no entanto, era extenso demais para a costureira Erotides dos Santos, de 72 anos. Moradora da região da Rua Antônio Zendron, conseguiu uma carona até o Terminal da Fonte. Lá, não conseguiu contato com o patrão e não teve como ir a pé até o trabalho no bairro Vorstadt. O jeito foi voltar para casa caminhando e esperar por transportes alternativos no decorrer da semana.
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Trabalhadores do transporte aguardam decisão
Sem trabalhar, alguns motoristas e cobradores foram para a porta das empresas aguardar uma notícia sobre o futuro. Em frente à empresa Rodovel, que mantinha os portões fechados e a frota de ônibus estacionada na garagem, trabalhadores discutiam as possibilidades daqui pra frente:
– Estamos esperando alguma notícia sobre o que vai acontecer agora. Esperamos pelo melhor para continuar trabalhando – disse o motorista Ingoberto Nogueira, de 57 anos de idade e 40 dedicados ao transporte coletivo de Blumenau.