O amanhecer de hoje foi igual ao de tantos outros em 2015: sem ônibus. Porém, o que difere esta segunda-feira dos outros dias é que, desta vez, o transporte coletivo deixou de circular pelas ruas de Blumenau por conta de uma determinação do poder público e não por uma manifestação protagonizada pelos funcionários das empresas, até então, consorciadas, em prol do pagamento de salários atrasados.
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Pressionado por passageiros, que por vezes ficaram horas esperando um ônibus superlotado ou que saíram de casa sem ter a certeza de que conseguiriam voltar, o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) decretou, na manhã de sábado, o fim do que para a comunidade que usa o transporte coletivo já tinha acabado há tempo. Sob alegações de descumprimentos contratuais, o rompimento da concessão do Consórcio Siga, firmado em 2007, chegou acompanhado do anúncio de que, por pelo menos sete dias, a cidade ficará sem ônibus.
Na outra ponta do decreto, as empresas Nossa Senhora da Glória, Rodovel e Verde Vale – impedidas de firmar novos contratos com o município – entraram em consenso e decidiram que o rompimento do contrato, válido por até 20 anos, só será aceito mediante indenização e que vão recorrer judicialmente da decisão do Executivo. A defesa, conforme o advogado Antônio Carlos Marchiori, seguirá a linha de que o problema poderia ter sido evitado caso o sistema tivesse sido remunerado corretamente desde o início.
– O descumprimento do contrato foi da prefeitura – justificou Marchiori, antes de ressaltar que não teve acesso ao relatório assinado pela Comissão Especial, documento usado para fundamentar a decisão do prefeito.
Sistema emergencial vai operar por pelo menos seis meses
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Antes mesmo que os primeiros relatos sobre o fim do Siga chegassem ao conhecimento da população, os ônibus já tinham parado de circular em Blumenau. Orientados pelo sindicato da categoria, o Sindetranscol, motoristas prestes a encerrar o primeiro turno de atividades seguiram de volta para as garagens das empresas quando o relógio marcou meiodia. No decreto de Bernardes, entretanto, os itinerários deveriam ser cumpridos até a meia-noite.
– Paralisamos o sistema. Ninguém mais iria receber a partir daquele momento, pra quê continuar trabalhando, não é mesmo? – questionou o assessor jurídico do Sindetranscol, Léo Bittencourt.
Com a situação de emergência também decretada, a promessa do Executivo é de que o cenário, visto pelos cerca de 125 mil usuários do transporte coletivo desde sábado, mude ainda nesta semana com o funcionamento do transporte alternativo. O credenciamento de vans e ônibus, que será oficialmente aberto nesta segunda-feira, é a aposta da prefeitura para amenizar o caos no sistema até que a nova empresa assuma, emergencialmente, o transporte na cidade.
Sem confirmar o nome da nova empresa, a prefeitura adiantou, entretanto, que cerca de 200 ônibus devem operar em Blumenau a partir de 1º de fevereiro. Com uma frota superior a 160 ônibus que transportavam os passageiros atualmente, a empresa deve, além recontratar parte dos então motoristas e cobradores do sistema, manter a tarifa em R$ 3,65, reajustada pelo prefeito no começo de janeiro. O sistema emergencial deve operar até que uma nova licitação do transporte coletivo seja concluída. O prefeito Napoelão Bernardes acredita que o processo deve ser aberto em no máximo seis meses. (Colaboraram Osiris Reis e Pamyle Bruganago).
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:: Prefeitura de Blumenau quer recontratar os trabalhadores do transporte coletivo
:: Coluna do Pancho: apenas dois dos 15 vereadores compareceram à coletiva que anunciou o fim do Consórcio Siga
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O TRANSPORTE COLETIVO DE BLUMENAU
> O usuário vai perder o crédito que possui no Cartão Siga?
Não. Segundo a prefeitura de Blumenau a decisão de como isso será reembolsado vai depender da nova empresa, mas não se desfaça do cartão pois de alguma maneira você será ressarcido.
> Como a população vai se deslocar em Blumenau sem ônibus?
Enquanto não há definição a respeito do transporte alternativo, a indicação do poder público é de que a população busque alternativas como a carona solidária ou o uso de táxis.
> Quando Blumenau terá transporte alternativo?
O chamamento público do transporte alternativo será feito hoje pela prefeitura de Blumenau. Depois disto, os veículos cadastrados e fiscalizados pelo Seterb poderão atender à população durante o período em que a cidade ficará sem o transporte coletivo.
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> Qual será o valor do transporte alternativo?
Não há valor definido, pois é preciso aguardar o resultado do chamamento que ocorre hoje para que as empresas informem o valor das viagens.
> Até quando Blumenau vai ficar sem ônibus?
Como a Administração Municipal declarou situação de emergência no sistema público de transporte coletivo urbano fica permitida ao município fazer a contratação com dispensa de licitação para manter o serviço na cidade. A previsão inicial é de que uma nova empresa comece a atuar no dia 1º de fevereiro.
> Os corredores de ônibus permanecem liberados?
Sim. Os corredores de ônibus liberados para os veículos menores, com exceção o da Rua Dois de Setembro, que é no contra fluxo da via, seguem livres até que a nova empresa assuma emergencialmente o serviço na cidade.