O tenente-coronel Wagner Dimas, do 18º BPM, foi o primeiro a afirmar que Andreia teria denunciado colegas. No dia seguinte, disse ter se expressado mal e foi afastado. Depois, o major Olímpio Gomes provocou a abertura de investigação da corregedoria ao dizer que a cabo teria delatado PMs que a convidaram a roubar caixas eletrônicos.

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Zero Hora – Andreia Pesseghini denunciou colegas de farda?

Olímpio Gomes – Vários policiais militares de diferentes patentes me procuraram para contar que, no segundo semestre de 2011, ela foi convidada por outros PMs a participar de uma quadrilha que roubava caixas eletrônicos. Ela delatou isso ao seu comandante na época, Fábio Paganotto, que investigou o assunto e acabou transferido. Por alguma razão, não houve registro legal da denúncia. Os policiais que me procuraram são pessoas fidedignas, que não fizeram isso para fofocar, mas para que eu levasse o caso à corregedoria.

ZH – Por que esses policiais resolveram fazer essa revelação?

Olímpio – Eles estão indignados com a humilhação pública a que foi submetido o tenente-coronel Dimas, que assumiu o comando do 18º Batalhão depois de Paganotto. Dimas contou em entrevista que Andreia havia denunciado colegas, mas a Secretaria da Segurança o esculhambou, a ponto de ele ter de se desdizer. Acabaram com a carreira dele. Os policiais que me procuraram não aceitam que ele tenha sido afastado por falar a verdade, e confirmam que a cabo foi convidada a cometer crimes e delatou os autores do convite.

ZH – A delação feita por Andreia pode ter alguma relação com sua morte?

Olímpio – Houve clara intenção do governo de apresentar o menino como culpado em menos de 12 horas, sem laudos e sem ouvir ninguém. Mas, a cada momento, há novas interrogações. Não acredito na hipótese de que tenha sido o menino. Este é o pensamento de todos os policiais que conheciam as vítimas. O crime foi vingança de policiais que viraram bandidos contra policiais bons. A investigação precisa buscar a verdade, e não a conveniência.