Não bastasse terem transformado a Câmara de Vereadores de Blumenau naquilo que mais parece a sede de uma seita apócrifa. Não bastasse terem alugado um prédio ao custo de aproximadamente R$ 46 mil mensais. Agora, nossos nobres edis pretendem alugar 15 veículos para uso exclusivo dos seus gabinetes. E detalhe, ao presidente do Legislativo cabe a exclusividade de andar em um veículo 1.8, enquanto aos demais, em singelos carros populares 1.0. Entretanto, todos terão direito a vidros elétricos. É compreensível. Afinal, mover uma manivela para acionar as janelas não seria digno dos representantes do povo de uma cidade tão pujante.

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Sempre que leio a coluna do colega de canto de página das segundas-feiras, Cezar Zillig, tendo a discordar. Lemos o mundo através de lentes diferentes, o que é salutar em uma sociedade democrática e que preza pela liberdade de expressão. Mas nesta semana concordei integralmente. Zillig enfurnou-se nos labirintos das páginas da “transparência” da Câmara de Blumenau como um Teseu para tentar demonstrar o tamanho do ralo por onde escorre parte dos nossos impostos. Chegou à conclusão de que há uma média de 10 funcionários para cada gabinete. Sim, é demais!

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Você, que me lê todas as semanas, sabe, não é a primeira vez que a Câmara de Blumenau é protagonista em minha coluna. Há algum tempo, inclusive, quando questionei a pertinência do momento bíblico, um dos vereadores prestou-me uma justa homenagem, subindo à tribuna para me chamar de imbecil. Ele tinha razão, sou um imbecil, assim como a maioria dos cidadãos blumenauenses que aceita passivamente que nossa Câmara escarneça da nossa boa vontade.

De qualquer modo, para que não me acusem de apenas criticar o trabalho legislativo local, apresento aqui minha sugestão. Reconhecendo a necessidade dos vereadores estarem junto aos bairros, sugiro que se desloquem de ônibus, como a maior parte dos seus eleitores. A economia representada pelo não aluguel dos automóveis poderia, por exemplo, ser revertida para financiar projetos de mobilidade urbana.

As viagens de ônibus trariam outras vantagens. Permitiriam ao vereador fiscalizar a qualidade do nosso transporte urbano e a segurança dos terminais, e o aproximaria da população. Ao invés de se deslocar até à Câmara, bastaria ao cidadão agendar linha e horário e, durante o itinerário, apresentar suas demandas. Isto contribuiria também para a dispensa de alguns dos assessores, já que a interlocução com os cidadãos seria direta.

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Por fim, com um dos itens do edital de aluguel todos estaríamos de acordo: seria justo exigirem ar-condicionado nos ônibus.