O Tribunal de Contas do Estado (TCE) agendou para o dia 19 de outubro a apreciação de irregularidades na gestão das obras de restauração e supervisão de obras da Ponte Hercílio Luz pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra). A contratação, a execução dos reparos e a fiscalização pelo Consórcio Florianópolis Monumento, formado pelas empresas Espaço Aberto e CSA Group, e pelo Consórcio Prosul/Concremat motivou uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado em 2012, bem antes do Ministério Público de Contas (MPTC) tornar pública nesta semana o montante de R$ 562,5 milhões destinado às reformas.
Continua depois da publicidade
O relatório final da auditoria pede a aplicação de multa a ex-diretores e um engenheiro do Deinfra. Em agosto deste ano, o processo passou pela análise do procurador Diogo Ringenberg, que pediu o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 82 milhões. Os auditores do TCE constataram que na gestão dos ex-presidentes do Deinfra, Paulo Meller e Romulado Theophanes de França Junior deveria ter sido realizada uma nova licitação quando o projeto de restauração foi alterado para a colocação de pilares de sustentação.
O TCE aponta ainda que o Deinfra deveria ter multado o Consórcio Florianópolis Monumento pelos atrasos e os dois consórcios são acusados de subcontratar empresas, contrariando a Lei de Licitações. Para os auditores do tribunal, este aspecto justificaria rescisão contratual. O Deinfra só rescindiu com a Espaço Aberto em agosto de 2014, sob alegação da obra estar atrasada. Se o tribunal considerá-los culpados, os responsáveis serão multados após a decisão ser publicada
em Diário Oficial.
Continua depois da publicidade
Devolução de dinheiro
O MPTC emitiu um parecer técnico pedindo que os consórcios Florianópolis Monumento e a Concremat/Prosul, juntamente com ex-gestores do Deinfra, devolvam aos cofres públicos R$ 82 milhões por danos ao erário nas obras da ponte. O número foi calculado primeiramente pela auditoria e leva em consideração valores pagos às empresas. Esta solicitação também deve ser analisada pelo pleno do TCE. Segundo o procurador do MPTC Diogo Ringenberg, autor do pedido, o primeiro grupo de empresas recebeu R$ 63 milhões e o segundo, R$ 19 milhões, mas os investimentos não retornaram em obras de recuperação da estrutura até o momento.
Colaborou Hyury Potter
O que dizem os envolvidos:
Consórcio Florianópolis Monumento
O dono da empresa que lidera o consórcio, a Espaço Aberto, Paulo Ney Almeida, afirma que em nenhum momento a empresa foi notificada sobre o pedido de devolução de dinheiro por parte do MPTC. Explica que só recebia pagamento conforme executava serviços, mas que o governo, em várias ocasiões, não efetuou depósitos como o combinado.
– Nós até estamos entrando na Justiça para cobrar dinheiro que não recebemos. Quando o governo não pagava, a empresa tirava do próprio bolso. Se for comprovado que temos que devolver, nós devolveremos, mas o justo é que a gente receba o que o governo ainda nos deve – disse.
Continua depois da publicidade
Paulo Roberto Meller, ex-presidente do Deinfra
A reportagem entrou em contato com ele na tarde desta quinta-feira, mas as ligações não foram retornadas até o fechamento desta edição.
Romualdo Theophanes de França Júnior, ex-presidente do Deinfra
Disse que não sabia que o processo seria apreciado pelo TCE neste mês, mas informou que tem conhecimento da ação e que já apresentou respostas ao tribunal anteriormente, quando solicitado. Questionado sobre a ausência de licitações quando o projeto de reforma da ponte foi alterado e da não aplicação de multas às empresas responsáveis, conforme apontado pela auditoria, o ex-diretor presidente do Deinfra afirma não estar ciente de todas as citações do documento e que por isso não poderia se pronunciar a respeito.
Consórcio Prosul/Concremat
Os representantes da empresa não foram localizados pela reportagem nesta quinta-feira.
Governo do Estado questiona relatório do MP de Contas: “irresponsável”
Investigação aponta gastos de R$ 563 milhões na reforma da Hercílio Luz
Mesmo contestada, governo insiste na reforma da ponte
Deinfra garante que trabalhados de sustentação serão entregues no prazo