Na segunda semana após o afastamento de Romildo Titon (PMDB) da presidência da Assembleia pela Justiça de Santa Catarina, o assunto deixou o plenário da Casa, mas se mantém pelos corredores. O discurso é o mesmo. Se resume à necessidade de aguardar o dia 19 de março, quando pode ocorrer a análise do TJ-SC sobre o recurso do deputado contra seu afastamento.
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– Não existe vaga na mesa. O deputado Titon está afastado, mas isso não quer dizer que ele não possa voltar – disse o deputado Moacir Sopelsa, líder do PMDB na Assembleia, afirmando que os correligionários aguardam na torcida por um resultado favorável.
:: Confira os motivos do afastamento do presidente da Assembleia Legislativa
Fora das declarações oficiais, nos mesmos corredores, tem se comentado a possibilidade de Titon renunciar, mesmo entre peemedebistas. O principal impasse estaria em o deputado aceitar a ideia.
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A posição comum entre os parlamentares, no entanto, é a de que a decisão, qualquer que seja – renunciar ou lutar para voltar para a cadeira de presidente -, tem que ser do próprio deputado. Por enquanto, Titon mantém a agenda normal, de parlamentar, não de presidente da Assembleia, e aguarda o resultado de seu recurso judicial.
– Eu faria o mesmo. Ia buscar uma decisão colegiada – apoiou o presidente do PSD, deputado estadual Gelson Merísio.
Após surgirem especulações de novos nomes do PMDB para substituirem Titon no cargo, em uma eventual nova eleição, o partido conversou no almoço da bancada ontem e definiu posição: a mesa já está formada, tem o deputado como presidente, mesmo afastado, e ninguém da legenda nunca teria pensado o contrário.
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:: Recurso decisivo, seja sim ou seja não
– A partir do dia 19 as coisas começam a se desencadear – disse o deputado Valmir Comin, líder do PP na Casa, sem dar mais detalhes pela pressa para ir a um compromisso.
Outros deputados falam mais. Mas preferem se manter no anonimato. Admitem um mau estar na Assembleia pela situação de ter um presidente fora do cargo, em seu gabinete comum. Fato que afetaria negativamente os quarenta e não apenas Titon.
O constrangimento poderia se tornar insustentável caso o recurso seja negado pelo Tribunal de Justiça, na próxima reunião do órgão especial, e vire outros recursos, com mais prazos para uma decisão. Principal problema: o caso pode se arrastar até o início do debate eleitoral.
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– Aqui, claro, a gente escuta as mais variadas versões. Eu deixo entrar por aqui _ aponta para o ouvido direito – e sair por aqui – minimizou o deputado Marcos Vieira (PSDB), apontando em seguida para a outra orelha.
Vieira disse acreditar em uma só versão, a que Titon deu em seu discurso de posse como presidente da AL. Naquela data, 23 dias antes de ser afastado, ele disse confiar na Justiça.
:: Novo presidente, que é também o antigo, se diz focado no administrativo
Novamente como presidente da Assembleia, o deputado Joares Ponticelli (PP) diz estar alheio às discussões do afastamento de Romildo Titon. Ele se declara focado nas questões administrativas, já que o ano para os deputados deve ser curto por causa das eleições e também pelo seu início tardio.
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– O ano Legislativo no Brasil começou verdadeiramente hoje (ontem). Ele sempre começa na terça-feira depois do Carnaval – disse Ponticelli, em entrevista no gabinete da vice-presidência da Casa.
Até agora nomeou apenas uma pessoa, o diretor de tecnologia, Cássio Medeiros de Oliveira, está respondendo também, cumulativamente, pela chefia de gabinete da presidência. Medeiros já respondeu por esse cargo durante o ano passado, no outro período de presidência do pepista.
Titon tinha nomeado cerca de 70% dos cargos até ser afastado. Nesses 30% restantes, a ideia de Ponticelli é reconduzir quem já esteve no cargo antes, para garantir funcionamento da Assembleia. Mas, diz o deputado, vai preencher apenas o que for essencial, de acordo com as demandas dos diretores.
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