Unido em torno da defesa de Romildo Titon, o PMDB tenta evitar que o afastamento dele do comando da Assembleia Legislativa tenha repercussão nas discussões internas sobre a manutenção da aliança com o PSD do governador Raimundo Colombo.
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A leitura entre peemedebistas é de que esse é um caso isolado, envolve apenas Titon e não tem impacto na manutenção da atual coalizão. Isso porque o deputado não era um nome cotado para compor as chapas majoritárias nem havia declarado posição sobre ter candidatura própria ou manter apoio ao atual governo na busca pela reeleição.
A decisão do desembargador José Trindade dos Santos teve no Tribunal de Justiça um impacto tão forte quanto na Assembleia Legislativa. Para alguns magistrados, a decisão não deveria ser unilateral, teria de passar pelo colegiado. No meio político, a resposta foi rápida. Os deputados estaduais do PMDB se reuniram logo depois do afastamento de Titon ser comunicado à mesa-diretora da Casa.
Presidente do PMDB de Santa Catarina, o vice-governador Eduardo Pinho Moreira foi informado do caso pouco depois das 17h, num telefonema do deputado Renato Hinnig (PMDB). Aos mais próximos, disse estar irritado e considerou a decisão autoritária e desnecessária, numa clara demonstração de intromissão entre os poderes. Pinho Moreira quer se envolver pessoalmente na defesa de Titon e espera que a decisão seja revertida o quanto antes.
Em nota oficial divulgada pouco antes das 20h de quarta-feira, o PMDB falou que a medida cria um ambiente desnecessário de insegurança política na Assembleia Legislativa. Em Brasília, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Colombo souberam do afastamento pelo vice-governador e teriam ficado perplexos.
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– A decisão foi de apenas um desembargador, que já acertou, mas também errou muito – disse Moreira, que ainda na noite de ontem visitou Titon e o aconselhou a ir trabalhar normalmente na manhã desta quinta-feira.
Luiz Henrique, que já tinha viagem marcada, pegou um voo para Florianópolis pouco depois da notícia. Hoje deve passar o dia envolvido em conversas com peemedebistas. Aos aliados, o senador disse que está preocupado com a repercussão que o afastamento de Titon pode ter dentro do próprio PMDB, que no final da tarde desta quinta-feira se reúne na Capital para discutir o futuro eleitoral. No encontro, agendado na semana passada, será avaliada a possibilidade de realizar prévias e ter candidatura própria ao governo.
Na noite de quarta-feira, Colombo estava em Brasília. Não tem falado sobre o caso, estratégia que adotou desde que o nome de Titon foi envolvido nas investigações da Operação Fundo do Poço. A leitura dos pessedistas é de que o governador não deve se manifestar sobre o assunto. Para dirigentes do PSD, o PMDB passou da conta na defesa do deputado, mas não há razão para se falar em rompimento.
– A aliança pode até não sair, mas não vai ser esse o motivo – fala um pessedista.
Há ainda a avaliação de que esse não é o melhor momento para se falar na CPI do Ministério Público, proposta defendida pelo deputado estadual Jailson Lima (PT). O objetivo é investigar supostas irregularidades na compra de imóvel pelo MP e no pagamento de salários.
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