Seis suspeitos de serem autores de sete homicídios foram presos pela Polícia Civil na semana passada em Joinville. Os crimes são de 2014 e 2015. Todos foram indiciados em inquéritos policiais. Entre eles, está um dos suspeitos de matar o empresário Márcio Rogério Janning em um assalto. Outro é apontado como responsável por três mortes. Pelo menos 12 mortes neste ano já têm autoria confirmada. Em alguns casos, falta apenas a Justiça expedir o mandado de prisão.

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:: Número de homicídios em Joinville bate recorde histórico em 2014 ::

Chegar aos autores não é uma tarefa fácil quando se tem uma equipe de apenas seis profissionais. A Divisão de Homicídios conta hoje com dois delegados e quatro agentes para investigar a pilha de inquéritos. O ano de 2015 já conta com 44 homicídios em Joinville, oito a mais que o mesmo período do ano passado, segundo levantamento de “A Notícia”.

Boa parte dos crimes do início deste ano ocorreu nas imediações do Jardim Paraíso, na zona Norte. Quando a região se acalmou, as mortes passaram a ocorrer no Paranaguamirim, na zona Sul. Os dois bairros costumam ocupar as primeiras posições no ranking de mortes da cidade.

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Na avaliação dos delegados Paulo Reis e Luis Felipe Del Solar Fuentes, da Divisão de Homicídios, essas duas levas têm como pano de fundo o tráfico de drogas. São acertos de conta entre pequenos núcleos – usuários que ficaram devendo ou disputa por ponto. É a venda do “pequeno varejo” que ocorre nas chamadas “biqueiras”, onde os usuários se reúnem para consumir e vender para continuar alimentando o vício. E quando alguém morre, impera a lei do silêncio. Ninguém quer se comprometer a ponto de correr o risco de ser o próximo da lista.

– Há casos em que as vítimas morreram porque estavam roubando ?biqueira?. A ?biqueira? é menor que uma ?boca de fumo?. É um barraco aqui, outro ali. Só que eles ficam brigando porque uma concorre com a outra – explicou Fuentes.

Apesar de haver integrantes de três facções em Joinville – organizações que se originaram nas cadeias -, o delegado coordenador da Divisão de Investigação Criminal, Jeferson Prado Costa, afirma que não há uma guerra entre grupos, como ocorre em grandes metrópoles. O tráfico é espalhado pela cidade e não se concentra em um único ponto.

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– Não é uma guerra declarada entre facções. Aqui, existem muitas células, mas não há uma grande célula que se fortalece – avaliou.

Entre as duas levas de mortes decorrentes do tráfico, há os casos com motivações distintas: pelo menos quatro latrocínios (roubo seguido de morte), os chamados crimes passionais (cometidos “por amor”) e mortes resultantes de desavenças.

Além das prisões, a polícia providenciou o indiciamento do coautor do latrocínio que resultou na morte do policial militar Sirlano Pires, em novembro do ano passado.

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Confira os casos que resultaram em prisões na última semana:

> Márcio Rogério Janning, 40 anos, morto em um assalto em fevereiro deste ano no bairro Glória

Um dos suspeitos de participar do latrocínio é Geovane Frank William Dutra, de 21 anos. O crime ocorreu em frente ao prédio onde o empresário morava, enquanto ele estacionava o carro. A intenção da dupla de assaltantes era levar o veículo. Durante a ação, o empresário foi baleado na cabeça. O segundo suspeito de participar do assalto também foi identificado, mas está foragido. Segundo a polícia, Geovane negou participação no crime. Para o delegado Paulo Reis, há indícios suficientes que comprovam o envolvimento do suspeito. O mandado é de prisão preventiva, por tempo indeterminado.

> Alonsio Valvaçori Filho, encontrado morto em uma escola em 2014

> Wesley Junques, 21 anos, morto por asfixia em maio de 2015

> Patrícia de Fátima Ferreira, 30 anos, morta a facadas em 2014

O suspeito de participar das três mortes, Daniel Hamilton Loureiro, foi preso preventivamente na semana passada. Todos os crimes ocorreram no bairro Parque Guarani. Daniel confessou ter envolvimento em duas delas. Alonsio foi encontrado morto com golpes de faca no pescoço. Daniel confessou ter praticado o assassinato que teria sido motivado por uma briga de bar. O coautor do crime também foi identificado.

A vítima Wesley foi morta por asfixia. O suspeito confessou que, depois de matar, passou com o carro em cima do corpo para simular um atropelamento. O veículo foi incendiado logo depois para ocultar provas. O crime também teria sido motivado por desavença.

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Patrícia foi encontrada morta com golpes de faca no pescoço, atrás da sede da associação de moradores do bairro. Segundo a polícia, Daniel negou envolvimento neste caso.

> Humberto José Soares Júnior, 25 anos, morto com oito tiros no bairro Boehmerwald em agosto de 2014

O suspeito de cometer o assassinato é Jeferson Miguel Petry. Ele foi preso em flagrante por tráfico e posse ilegal de arma durante um cumprimento de mandado de busca. Na casa dele, no bairro Jarivatuba, a polícia apreendeu um revólver de calibre 38, munições, drogas e balança de precisão. Jeferson foi indiciado como autor da morte. Em depoimento, negou participação no crime. A suspeita é que a morte tenha relação com o tráfico.

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> Luciano Silveira Machado, 23 anos, encontrado morto com golpes de faca no pescoço, no Vila Nova, em janeiro de 2015

A polícia acredita que o crime tenha sido passional. O suspeito de cometer o assassinato é o ex-namorado da companheira da vítima, Elias Medeiros Guimarães, de 22 anos. Um amigo de Elias, identificado como Osmar Bernardino Teixeira, de 25 anos, teria ajudado no assassinato. Os dois foram presos preventivamente.

Elias confessou ser o responsável pela morte. Segundo a polícia, Osmar negou que tenha envolvimento no crime. A vítima, depois de levar facadas no pescoço, foi afogada em uma vala. O corpo foi encontrado na Estrada Comprida no início deste ano.

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> Thiago Regis Rasia, 29 anos, morto com um tiro na cabeça, no bairro Costa e Silva, em novembro de 2014

O suspeito de cometer o crime, preso com mandado de prisão temporária de 30 dias, é Davi da Silva Antunes, de 27 anos. Ele confessou o crime e revelou que o homicídio foi encomendado. Davi relatou à polícia que não conhecia a vítima e que receberia R$ 5 mil pelo serviço. Nem a vítima e nem o autor tinham passagens policiais.

Davi disse em depoimento que marcou um encontro com Thiago com o pretexto de lhe oferecer emprego de motorista. A emboscada aconteceu na noite de 11 de outubro de 2014 em frente a uma empresa no bairro Costa e Silva. Davi fugiu em uma moto. A polícia já solicitou à Justiça a conversão da prisão temporária em preventiva.

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