A Prefeitura de Joinville vai assumir os serviços oferecidos pela Associação de Reabilitação da Criança Deficiente (ARCD) a partir de 1º de janeiro, quando termina o atual contrato com a instituição. Até o final de dezembro, todos os atuais funcionários serão demitidos para que ocorra a entrada de profissionais concursados pelo município. No entanto, após a transição, o quadro de pessoal deve diminuir.

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O presidente do Conselho Administrativo da ARCD, Bráulio Barbosa, diz que a decisão de repassar a administração dos serviços para a Prefeitura foi tomada em conjunto entre o município e a instituição. Segundo ele, a associação precisava de um aumento no repasse realizado pelo governo municipal, que é de R$ 180 mil mensais. Ele afirma que, como não há condições do incremento nos recursos e as dificuldades de manutenção da instituição são grandes, a operação ficou difícil.

— Estava em uma situação que não tinha mais como a gente manter porque os custos vão aumentando. O que eu ia fazer? Começar a demitir e diminuir o serviço?

O contrato será mantido até dezembro, com o repasse sendo usado para realizar a manutenção do local, para pagar salários e as rescisões contratuais dos funcionários. Se sobrar dinheiro do repasse no final do ano, esse valor será entregue novamente à Prefeitura.

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Número de profissionais é menor na comparação

Com a mudança de gestão, a Secretaria de Saúde começou uma transição dos profissionais dentro da ARCD há dois meses. Três terapeutas ocupacionais, três fisioterapeutas e duas psicólogas concursadas já trabalham na instituição e passam por capacitação com os antigos profissionais da ARCD. Segundo Francieli Schultz, secretária da Saúde, cerca de quatro novos profissionais ainda devem ser contratados até o final do ano.

Dessa forma, o número de funcionários especialistas que vão trabalhar no tratamento dos pacientes deve chegar a 12 pessoas, um quadro menor do que operava anteriormente na ARCD. De acordo com Marcos Martinez, diretor da associação, a instituição contava com cerca de 25 especialistas no atendimento até o final de 2016, quando começou a polêmica. Atualmente, a associação mantém uma fisiatra, uma terapeuta ocupacional, uma pedagoga, uma fisioterapeuta e duas terapeutas aquáticas.

Duas dessas profissionais já estão cumprindo o aviso prévio. As demais devem ser demitidas até o final do ano, juntamente com os outros seis profissionais que trabalham no administrativo. Segundo Martinez, desde o início das demissões, a ARCD não conta mais com profissionais nas áreas de fonoaudiologia, enfermaria, assistência social, cardiologia e urologia.

Mudança preocupa famílias

A mudança na administração dos serviços está preocupando as famílias de crianças atendidas na ARCD. Elas acreditam que a chegada de novos profissionais pode comprometer o tratamento dos pacientes. Cristiane Bianchi é mãe de João, de dez anos, e afirma que os especialistas contratados pela Prefeitura nunca trabalharam com crianças e pacientes neurológicos.

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– O João continua indo lá para fazer terapia ocupacional e fisioterapia, mas nenhuma das duas médicas sabe o que fazer com ele. Isso vai comprometer porque são anos de tratamento e, por uma brincadeira deles (Prefeitura), ele pode perder esses avanços – desabafa.

A secretária Francieli Schultz explica que os oito profissionais contratados não são desqualificados. Segundo ela, eles são profissionais concursados, graduados e com habilitação para trabalhar. Ela diz ainda que existe um movimento de pais para desqualificar os profissionais e que isso não será admitido. Conforme Francieli, ainda não há como saber se o número de pacientes atendidos pela ARCD sofrerá mudanças a partir de janeiro. Ela afirma que isso terá de ser avaliado com o tempo.

Nos últimos meses, a quantidade tem se mantido a mesma, diz o diretor Marcos Martinez. No entanto, com a demissão de profissionais, algumas crianças assistidas por um especialista ficaram sem atendimento e precisaram procurar clínicas particulares.