Nesta quinta-feira os operários que trabalham na ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, esperam por um dia sem vento e chuva para avançarem mais uma etapa nas obras de restauração do cartão-postal. Se o tempo contribuir, funcionários da empresa Empa e do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), a partir das 7h da manhã, devem começar a içar a primeira de cinco treliças metálicas que serão posicionadas entre as torres de sustentação. Somente ao fim desta etapa o poder público poderá dar início à revitalização da estrutura.
Continua depois da publicidade
Investigação aponta gasto de R$ 563 milhões na reforma da ponte
A primeira das treliças será fixada no meio das duas torres localizadas mais próximas da região continental. Trata-se de uma peça de aproximadamente 80 toneladas, com 30 metros de comprimento e seis de altura. Após ser içada, começam os trabalhos de soldagem, que devem levar cerca de três a quatro semanas. Até o começo de abril de 2016, quando se encerra o prazo do serviço, ao todo cinco armações devem passar pelo mesmo processo.
A equipe de engenharia responsável explica que a treliça foi transportada de balsa na manhã desta quarta e que na quinta-feira ela será içada por cabos de aço com o uso de quatro macacos. O peso da peça não será transferido para a ponte em si, mas para as torres de sustentação, onde está acoplado o sistema de macaqueamento.
Continua depois da publicidade
Quando todas as treliças estiverem soldadas, elas formarão um leito em que serão posicionados 54 macacos hidráulicos destinados para a etapa de “transferência de carga“. Trata-se de do momento mais delicado do trabalho, quando todo o peso do vão central da Hercílio Luz (cerca de cinco mil toneladas) será colocado sobre a sustentação inferior para que se possa realizar, finalmente, o restauro do cartão postal. O governo do Estado ainda não definiu qual empresa irá executar essa parte da obra, mas já vem sondando a própria Empa para dar continuidade aos trabalhos.
Anteriormente o governo vinha negociando com a American Bridge, companhia americana que construiu a Hercílio Luz na década de 1920. Mas após a desistência dos americanos, o Deinfra concentra esforços na Empa. O governador Raimundo Colombo (PSD) tem a intenção de contratar a empresa portuguesa com dispensa de licitação, mas para isso precisa entrar em acordo com instituições e órgãos de controle como Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público.
O primeiro contrato com a Empa, no valor de R$ 10,5 milhões e com dispensa de licitação, foi firmado em abril deste ano e previa a construção das quatro torres de sustentação, com término em outubro. Agora o novo contrato, assinado em 6 de outubro, será voltado para a conclusão de toda a “Ponte Segura”. Com isso os trabalhos emergenciais na Hercílio Luz terão um ano de duração com custo total de R$ 21,9 milhões.
Continua depois da publicidade
Últimos fatos sobre a ponte:
– Em agosto de 2014 o governo de SC rescindiu contrato com oConsórcio Florianópolis Monumento, até então responsável pela restauração da Hercílio Luz. Os trabalhos de construção da estrutura de sustentação foram retomados em abril de 2015 pela Empa.
– A Empa torna-se responsável por finalizar a construção de quatro torres de sustentação, que integram as “obras emergenciais” da ponte.
– Ao final de setembro, o MPTC finaliza uma representação em que aponta o comprometimento de R$ 562,5 milhões nas obras da ponte desde sua interdição em 1982.
Continua depois da publicidade
– Em outubro de 2015 a Empa conclui a construção das quatro torres e, no dia 6 de mesmo mês, assina novo contrato com dispensa de licitação com o Deinfra, ficando responsável por montar as demais treliças metálicas.
– No mesmo mês a empresa American Bridge – norte-americana que construiu a ponte na década de 1920 – desiste de assumir a etapa final de restauração da estrutura. A companhia vinha sendo assedada pelo governo estadual desde fevereiro de 2015.