Os pescadores de sardinha de Santa Catarina decidiram manter a greve em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira com o Sindicato dos Pescadores Profissionais do Estado (Sitrapesca). A categoria ameaça ainda entregar as embarcações aos armadores caso não haja um reajuste no preço do pescado.

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De acordo com o presidente do Sitrapesca, Manuel Xavier, a paralisação permanece, pois a proposta de R$ 1,20 para barcos a gelo e R$ 1,40 para barcos samurados não cobre os custos.

– A proposta que eles fizeram foi provocativa. Pediram para que voltássemos a trabalhar por 30 dias com esse preço e depois negociaríamos novamente. Então sexta vamos fazer uma nova assembleia para aprovar essa decisão, se não aparecer nada melhor até o Carnaval, os mestres proeiros vão entregar os cargos – afirma.

Xavier diz que se a medida for mesmo tomada a situação no Estado ficará péssima, com pescadores desempregados e sem mão de obra para a pesca de sardinha.

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-Não é uma decisão radical, é uma questão de sobrevivência. Trabalhar de graça não dá – declara.

Para o secretário da Câmara Setorial do Cerco do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Jorge Seif, a atitude não é consenso entre os pescadores. Segundo ele, cerca de 15 embarcações querem furar a greve em Itajaí e outras 15 já fizeram isso no Rio de Janeiro.

– Se isso foi sugerido, foi um caso isolado, mas não é consenso. Quem é pescador não vai trocar de profissão da noite para o dia. A maioria quer voltar a pescar, mas acaba ficando com medo de represálias dos grupos mais exaltados. Eles estão fazendo terrorismo – alerta.

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Parados há 10 dias, Seif estima que os prejuízos no setor ultrapassam os R$ 20 milhões e que todos perdem com a paralisação: pescadores, armadores, indústrias, governos e consumidores.

– No ano passado conseguimos reduzir a cota de importação da sardinha de 80 para 30 mil toneladas, então naturalmente as indústrias tem obrigação de comprar mais o produto nacional. Eu não entendi esse movimento, se não tivesse conseguido a redução da cota, estaria abraçado com eles. Mas tentaram até invadir minha empresa para colocar fogo nos barcos. A situação é imprevisível, o impasse está formado – completa o secretário.

Ainda conforme Seif, não há razão para a greve continuar, pois até a páscoa os valores recebidos pelo pescado poderiam chegar a quase R$ 2, já que o consumo é alto e os estoques estão zerados em alguns locais do país.

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