O impasse entre pescadores de sardinha de Santa Catarina e indústrias permanece. Produtores afirmam que não vão abrir mão do reajuste no preço do quilo do pescado e seguem paralisados enquanto não houver uma proposta das empresas.
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O Sindicato dos Pescadores Profissionais do Estado (Sintrapesca) estima que mais de 4 mil toneladas de sardinha deixaram de ser capturadas até esta segunda, quando completaram sete dias de paralisação.
Os prejuízos não param por aí. Segundo a Câmara Setorial do Cerco do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), o setor produtivo perde cerca de R$ 3 mil a cada dia que fica parado.
O caminho para solucionar o problema deve ser uma nova reunião na tarde desta terça-feira com as indústrias conserveiras e o chefe de Assuntos Estratégicos do Ministério da Pesca, Luís Alberto Sabanay, que intermedia as negociações.
– Estamos à mercê das indústrias. Eu gostaria que pudessem chegar a R$ 1,40 ou R$ 1,60 pelo quilo, mas os custos estão no limite e não se pode comprometer a economia de dois mil trabalhadores. Eles querem transformar a sardinha em caviar e quem consome o produto é as classes D e E. Se inflacionar, esse público vai parar de comprar – alerta o secretário da Câmara Setorial do Cerco do Sindipi, Jorge Seif.
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Além disso, Seif argumenta que o Sindipi conseguiu, em novembro no ano passado, reduzir a cota de importação de sardinha de 80 mil toneladas para 30 mil toneladas – o que, conforme ele, ampliaria a compra do produto nacional e elevaria os valores recebidos pelos pescadores.
– Isso complicava o setor, então essa inibição foi uma conquista. Naturalmente o preço vai ser satisfatório. Porém o setor produtivo não tem paciência para entender a economia. Não temos diálogo com o sindicato dos pescadores. A situação está fora de controle e se eles não aceitarem a próxima proposta, coloco nas mãos de Deus – desabafa.
Em Itajaí – cidade responsável por 75% da captura de sardinha de todo país – pescadores fizeram novas manifestações nesta segunda e agora aguardam uma posição das indústrias. De acordo com o presidente do Sintrapesca, Manuel Xavier, Santa Catarina continua 100% paralisada enquanto não se resolver o impasse.
– Estamos aguardando que entrem em contato conosco para negociar. A única proposta foi a de pagar R$ 1 por quilo documentada e R$ 1,20 na largada, que deve durar cerca de duas semanas. Essa proposta não satisfaz, é só um engodo – afirma.
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Quinta-feira os pescadores devem se reunir novamente para a apresentação de uma proposta. Enquanto isso, os barcos permanecem parados.
O trabalhadores reivindicam o aumento do quilo de R$ 1 para R$ 1,60, com o argumento de que o preço atual não cobre os gastos das embarcações e não é reajustado há cinco anos.