As chances de um grave conflito no Rio Vermelho, em Florianópolis, ficaram ainda maiores após um membro da nova ocupação que está sendo montada nas redondezas ser atingido por uma pedra na testa. Márcio Laurindo Viana Machado, machucado na cabeça pelo objeto, passa bem e não deve registrar Boletim de Ocorrência. Moradores e membros da ocupação continuam no local, enquanto a Polícia Militar monitora a situação.

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Machado está no terreno ocupado desde a noite de ontem e relata ter vindo do Maciambu, em Palhoça. A pedra foi jogada contra ele por volta das 20h30min, quando retornava de uma conversa com o coronel João Henrique Silva, da PM, e representantes do grupo de moradores do Rio Vermelho.

Os membros da ocupação teriam ido à polícia se defender após uma outra pedra ser jogada contra um carro do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT), meia hora antes. No diálogo com o coronel, membros da ocupação pediram compreensão por ser uma situação provisória, já que o objetivo continua sendo o terreno da SC-401 – do qual eles saíram na semana passada.

O primeiro objeto, jogado contra o PPT, trincou o vidro dianteiro do veículo e ainda não se sabe quem o arremessou.

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Moradores não querem ocupação

Os cerca de 30 moradores nativos do Rio Vermelho, no Norte da Ilha, ameaçam bloquear a rodovia SC-406 em protesto à ocupação sendo montada desde o início deste domingo em Florianópolis. Eles não querem que o terreno ao lado do Costão Golf Club, pertencente à União e adminstrado pelo Lar Recanto da Esperança, torne-se uma segunda Amarildo de Souza.

A Polícia Militar está no local, impedindo que o trânsito seja interrompido e controlando os ânimos de moradores que ameaçam atear fogo nos veículos e barracas dos membros da ocupação.

A Tropa de Choque e Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) foram chamados ao local durante a tarde. Por volta das 19h, entre 20 e 30 policiais acompanhavam a situação. A PM acredita que, se deixar o local, o confronto entre moradores e membros da ocupação seja inevitável.

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O terreno no Rio Vermelho, no Norte da Ilha, pertence à União e é cedido à fundação Lar Recanto da Esperança. A PM tem em mãos um e-mail assinado pela diretoria da fundação, pedindo providências ao poder público e afirmando que não autoriza a ocupação.

A área pertencia ao traficante carioca Paulinho da Matriz e hoje abriga um centro de tratamento para dependentes químicos. A diretoria do Recanto da Esperança não foi localizada pela reportagem.

Segundo o major Fábio Matos de Melo, a polícia não recebeu ordens para retirar ninguém e apenas acompanha a situação, cuidando para que não aconteçam interferências no trânsito da rodovia.

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Com informações do repórter Diogo Vargas

:: PM foi acionada para evitar que ocupação Invada terreno ao lado. Ouça a entrevista com o Comandante João Henrique, concedida à CBN Diário

Ocupação polêmica

O deslocamento das pessoas que acampavam na região do Morro dos Cavalos, em Palhoça, começou durante a madrugada deste domingo. De acordo com um dos líderes da ocupação, Rui Fernando, o acampamento no terreno em Palhoça era provisório e eles aceitaram a transferência da SC-401 para lá apenas para evitar que algo mais grave acontecesse, comprometendo a integridade das famílias.

As famílias começaram a deixar o terreno ocupado na SC-401 na última terça-feira. Elas foram realocadas para uma área próxima ao Morro dos Cavalos, no bairro Maciambu, em Palhoça.

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Porém, a proprietária dessa área afirmou que não permitiu a ocupação. O imóvel da mexicana Rocío Delfín foi alugado pelo padre Luiz Prim em 2008 e ele que teria deixado que a região fosse usada com acampamento provisório.

A área de Morro dos Cavalos foi reconhecida pelo Ministério da Justiça em 2008 como terra indígena. Por isso, Rocío espera o desenrolar da questão para vender o imóvel ou receber a indenização do governo federal. Além disso, ela e seu ex-marido disputam a propriedade do terreno em um processo que tramita na Vara de Família do Fórum de Palhoça.

O Conselho Indigenista Missionário Regional Sul (Cimi Sul) divulgou uma nota no dia 19 de abril, Dia do Índio, em que condenava a ocupação do terreno em Palhoça – reivindicada por eles como terra indígena Guarani. No texto, eles dizem que a transferência do acampamento pelo governo estadual e federal é um ato de violência contra os Guarani. O Conselho também afirmou se solidarizar com os integrantes do acampamento, “que dignamente lutam por terra, moradia e justiça”.

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Com informações do repórter Marcone Tavella