Agentes da Polícia Civil de Três Passos ouviram na começo da noite desta quarta-feira o depoimento do cirurgião Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, encontrado morto na noite de segunda-feira. Foi o primeiro depoimento do médico.

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O local onde ele foi ouvido foi mantido em sigilo pela polícia, que teme manifestações como as que ocorreram na noite de segunda-feira, quando duas mil pessoas se aglomeraram em frente à casa do médico, protestando contra a morte do filho. O conteúdo do depoimento também não foi revelado.

– Eu estive junto com a equipe ouvindo o depoimento do médico. A nossa preocupação foi fazer em sigilo para evitar qualquer alteração da ordem pública – explica a delegada regional de Três Passos, Cristiane de Moura e Silva Bracks.

A preocupação da delegada tem fundamento. Há uma grande indignação na cidade pela maneira cruel com que o filho do médico foi morto. Nos próximos dias, provavelmente após a Páscoa, informa a delegada, deverá ser ouvida a madrasta da vítima, Graciele Ugulini.

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Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini – que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo. O casal aparentava ter uma vida dupla, segundo relatos de amigos e vizinhos.

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ÁUDIO: pai de Bernardo chama filho de “esse menino”