Mais um protesto contra o aumento das passagens de ônibus em Porto Alegre terminou em confronto entre manifestantes e Brigada Militar (BM). Na noite de quinta-feira, 23 pessoas foram detidas após atos de depredação do patrimônio público e privado – agências bancárias, contêineres de lixo e veículos.

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A organização do Bloco de Luta pelo Transporte Público acredita que, no mínimo, 30 pessoas ficaram feridas. A violência, porém, é rechaçada pelo grupo.

– A discussão feita pelos organizadores tem uma linha de fazer manifestações pacíficas, que prezem pelo diálogo. Atos (de violência) não são orientados pelo Bloco de Luta, mas também não vamos reprimir nenhuma atuação espontânea da juventude. Não será por essas ações individuais que vamos conseguir conquistar o apoio popular – afirma o coordenador geral do DCE da UFRGS e integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre (Anel), Matheus Gomes.

Militante do PSTU, o estudante defende a participação de partidos políticos ou “qualquer organização” nos protestos. Por outro lado, condena a atuação da BM em várias manifestações:

– A Brigada tem histórico de repressão ao movimento, com prisões autoritárias, como aconteceu no Gasômetro. Ontem (quinta-feira) prenderam pessoas em um bar depois que acabou o protesto. Provocaram para ter motivo para prender. É uma repressão desproporcional.

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Segundo Gomes, mesmo com a manutenção do preço da tarifa em R$ 2,85, determinada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o objetivo do protesto no centro da Capital fazia parte do dia nacional de luta contra o aumento das passagens e pelo passe livre.

Os blocos de luta do município, segundo Gomes, quer manter o diálogo por “um conjunto de pautas mais amplo” – corte de árvores na Usina do Gasômetro e privatizações de espaços públicos.

– Porto Alegre foi um exemplo de luta pelo país inteiro. Tem muita coisa errada além do transporte público na cidade. O (prefeito José) Fortunati deveria se preocupar mais com o que a juventude pensa – salienta.

Os blocos de luta pelo transporte público defendem o passe livre para estudantes e desempregados, além da redução no preço das passagens (R$ 2,60), diz Gomes. Ele entende que o corte de impostos como o PIS/Cofins deveria refletir em benefícios para a população.

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Procurada pela reportagem, a prefeitura de Porto Alegre não irá se manifestar sobre os protestos.