Delegado da Divisão Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Anselmo Cruz gerenciou a operação juntamente aos delegados de Gaspar Egídio Ferrari e Paulo Koerich. Segundo Cruz, foi necessário refazer todos os passos a partir do momento do crime para chegar ao cativeiro e libertar o menino Angelo. Foram feitas investigações com base em relatos de pessoas, imagens de câmera e de veículos para chegar a Peterson da Silva Machado e Rosicleide Rodrigues, que planejaram juntos o crime.
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Jornal de Santa Catarina – Como vocês chegaram ao Peterson, mentor do crime?
Anselmo Cruz – A partir de relatos de cerca de 30 pessoas, imagens de câmeras e de veículos chegamos ao Peterson. Não houve uma peça-chave, foi uma reconstrução de mínimos detalhes. Montamos diversas cenas e chegamos a eles. Peterson já tinha passagens por assalto, era foragido do presídio no Sul do Estado e aqui na região se apresentava com um nome falso. De alta periculosidade, mudou-se para Indaial e assumiu uma nova identificação: mudou o nome para Pretorson e a naturalidade para Minas Gerais. Identificamos que ele estava junto a Rosicleide, que era a referência dele no crime em Ilhota. Ela tem registro de vários crimes, como extorsão, ameaça, constrangimento ilegal e estelionato. Identificamos primeiramente ela no crime e depois chegamos ao Peterson.
Santa – Qual é o perfil do casal?
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Anselmo – Ela tem perfil de estelionatária e ele é violento, seria capaz de matar alguém. Rosicleide tem uma mente elaborada para criar golpes e conseguir dinheiro de maneira fácil. Ela era o cérebro e ele, a ação. Ela já teve loja e conhecia os empresários da região. Eles tinham certeza que o crime seria bem-sucedido. Quando prendemos Rosicleide em Itajuba, Barra Velha, havia duas malas prontas e o celular estava dentro de uma garrafa em um balde com água. Na cabeça deles, porque poderiam ser interceptados. O plano de fuga já estava elaborado.
Santa – De que maneira eles escolheram o alvo?
Anselmo – A escolha do alvo se deu por conta do contato que ela (Rosicleide) tinha nesse ramo. Também escolheram pelo acesso a informações da família no Facebook. Eles demonstravam momentos de riqueza na rede social e davam a entender que tinham um patrimônio grande.
Santa – Como vocês chegaram ao cativeiro?
Anselmo – Acompanhamos Peterson e o prendemos quando pretendia comprar um carro em Brusque para fugir com a Rosicleide. A equipe repassou a informação da prisão e seguimos para Penha. Ele mostrou o caminho e fomos até a residência próxima ao parque Beto Carrero World. Lá tinha um casal que fazia parte da quadrilha e que cuidava dele. Peterson nos avisou que eles estariam no andar térreo e que o garoto estaria no segundo andar, trancado em um quarto. Ele nos adiantou também que Angelo não foi agredido, que comeu arroz e feijão e só assistiu televisão. Quando chegamos, houve troca de tiros durante o confronto com a polícia e eles morreram.
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Santa – O Peterson falou que conseguiu a maioria das informações pelo Facebook. Fica o alerta às famílias?
Anselmo – Essa exposição é indevida. O clima de ostentação faz com que a pessoa acabe se tornando uma vítima em potencial.
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