A insegurança tomou conta de Capoeiras, região continental de Florianópolis. Nesta quarta-feira, uma perseguição terminou em tiroteio no meio da tarde no bairro. Foi só mais um episódio de uma rotina de furtos, assaltos e medo. Nesta semana, comerciantes ouvidos pela reportagem da Hora narraram os crimes dos quais foram vítimas. Eles já reduziram o horário de funcionamento de seus estabelecimentos e há quem fale em fechar as portas.
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A última ocorrência foi uma perseguição policial que acabou com um homem baleado e três presos na tarde de quarta. De acordo com a Polícia Militar, uma guarnição do pelotão Tático do 22º Batalhão tentou abordar um veículo Ônix branco, mas os três ocupantes do carro saíram em disparada. Então, teve início a perseguição policial, que durou cerca de três minutos.
O Ônix acabou colidindo em outros dois veículos estacionados na esquina das ruas Dib Cherem e Pedro I. A viatura policial também chegou a bater contra o veículo suspeito, com um policial se ferindo levemente ao bater a cabeça. Assim que ocorreu a colisão, um dos ocupantes do Ônix saiu do carro atirando em direção aos policias, que revidaram e feriram um dos suspeitos nas nádegas. Os três se renderam em seguida.
Um dos suspeitos estava foragido da Justiça. Com eles, foi apreendida uma pistola .9 milímetros. O veículo que eles estavam também tinha placas clonadas, do Rio Grande do Sul. O homem baleado foi atendido pelo Samu e encaminhado para o hospital. Os outros dois foram levados para a delegacia.
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Comércio fecha mais cedo
Nos últimos dias, nas ruas Dib Cherem e Maria Julia Ramos, teve farmácia, minimercado, ótica, posto de gasolina, lotérica e até uma barbearia no alvo dos bandidos. A principal reclamação dos comerciantes é que desde que foi deslocado para outra área o policial militar que fazia a segurança na região, os assaltos e arrombamentos passaram a ser quase diários. Segundo eles, o problema se agravou com o fechamento de um posto de gasolina para obras, local que está atraindo usuários de drogas.
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O comércio está fechando tão logo escurece e não está mais abrindo sábado à tarde. Há inclusive quem esteja pensando em fechar o negócio por causa da violência, caso de Ilma Maria Pereira, dona de uma farmácia na Dib Cherem, vítima dos bandidos seis vezes desde outubro do ano passado. Os últimos casos foram em sequência: na última sexta-feira à noite a drogaria foi arrombada, e no sábado de manhã foi assaltada.
— Eu já nem me assusto mais quando entram aqui armados. A gente tem câmeras, mas não servem pra nada. Os bandidos vêm de dia mesmo, não têm medo, e a polícia não prende — reclama a comerciante.
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Do lado dessa farmácia tem uma ótica, que foi assaltada no mês passado. O proprietário, que não quis se identificar, disse que os bandidos quebraram a vidraça e levaram relógios e óculos avaliados em R$ 120 mil.
Segurança particular pediu pra sair
Proprietária de uma loja de comércio popular, Marilda Fonseca diz que o estabelecimento é alvo dos criminosos pelo menos uma vez por mês. Brinca que já deixa sempre R$ 200 separados para o ladrão. Não bastasse isso, ela conta que contratou um PM para fazer segurança particular — o famoso e proibido bico — e que ele pediu as contas.
— Eu já contratei um policial, porque ele pode usar arma, mas ele não quis ficar. Disse que estava recebendo ameaças na rua — afirma a comerciante.
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Assassinatos disparam em Florianópolis em 2016
Celso Back, gerente de um minimercado no bairro, foi vítima duas vezes dos assaltantes. Há um mês levaram o dinheiro dos caixas e na segunda-feira, além do caixa, assaltaram também os clientes.
— Não vemos nunca policiais aqui nas ruas. Está sendo desanimador vir trabalhar — lamenta o comerciante.

PM diz que há policiamento
O tenente-coronel Sandro Cardoso da Costa, responsável pela área, garante que ainda há policiamento, apesar do deslocamento do policial que atuava no local e foi transferido para outro setor. Além disso, o batalhão perdeu três agentes que foram pra Força Nacional trabalhar nas Olimpíadas. Sandro afirma ainda que há câmeras no bairro, que ajudam na identificação dos suspeitos.
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— O policial foi deslocado para outra área, mas o policiamento não saiu. Nesse momento em que estamos conversando, há uma viatura e três motos, totalizando cinco policiais, em rondas pelo bairro — disse.
Moradores de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, pedem base da PM
O tenente-coronel ressaltou ainda que a vida dos profissionais que atuam na área não é fácil. No último sábado, um PM foi baleado no ombro, pelas costas, e outro foi atingido por estilhaços. O crime ocorreu na rua Egídio Ferreira, perto do Monte Cristo. Na ocorrência, três pessoas foram presas.
Apesar da sensação de insegurança, o policial garante que o número de ocorrências não aumentou de maio para junho deste ano. No mês passado foram 25 furtos e 15 roubos no bairro. Neste mês, foram 19 furtos e 14 roubos.
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