Fãs de paisagens de inverno não precisam sair de Florianópolis para avistar a névoa ao amanhecer, sentir aquele solavanco de ar gelado ao abrir a porta ou ver uma geada no campo. Claro que não é tão comum quanto Serra acima, mas está longe de ser absurdo.
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– Não é frequente, mas não podemos dizer que é raro porque em vários invernos isso foi registrado. Neste ano, tivemos um episódio de geada fraca no sul da Ilha, no bairro Costa de Cima, dia 16 de junho – conta Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia.
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Segundo a Epagri/Ciram, nos últimos cinco anos, foram pelo menos três registros de geada na Capital.
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Em praticamente todos os invernos, Floripa tem algumas noites com temperaturas que se aproximam de 0ºC. Um frio que a maioria dos moradores não sente porque isso costuma acontecer de madrugada e em regiões com mais vegetação.
– No ano passado, tivemos cerca de 4ºC. Em 2013, ano da neve, tivemos 2,1ºC. Em 2003, foram 3ºC. O recorde absoluto é 0ºC em outubro de 2000 – lembra Marcelo Martins, meteorologista da Epagri/Ciram.
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Levantar antes do sol nascer é a primeira dica para aumentar as chances de ver paisagens da estação: névoa e, quem sabe, geada – fique atento à previsão. Estar em meio ao verde da Mata Atlântica é a segunda dica: são lugares naturalmente mais gelados dentro da própria Ilha de Santa Catarina. Em média, as estações meteorológicas registram um 1ºC a menos nessas áreas que na região Central, onde há mais asfalto e concreto, que influenciam diretamente as temperaturas,
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segundo os especialistas.
As estações da Epagri/Ciram em Florianópolis também mostram essa diferença. A que fica na Estação Ecológica Carijós, na SC-402 (logo após o viaduto de acesso a Jurerê, norte da Ilha), é uma delas. A entrada é proibida, mas nas pontes sobre o rio, com sorte, dá pra ver a névoa em um dia com condições adequadas: ar seco, por exemplo.
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Ali pelo norte vale tocar para Ratones, distante 25 km do Centro, onde também há ocorrência de geada, segundo os meteorologistas. Quem passa uma noite de
inverno ali sabe que é de bater o queixo e, no caso do manezinho, hora dar um tempo no chinelo e bermuda de tactel.
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Amanhecer gelado na Vargem Pequena, Norte da Ilha (Foto: Guto Kuerten/Agência RBS)
Que vem lá do Sul
O sul é uma das regiões mais geladas da Ilha, dizem nativos como dona Ivone Madeira, 72 anos, depois de um mundaréu de invernos encasacada. Ela mora na Costa de Dentro, distante uns 30 quilômetros do Centro (ou uns 45 minutos de carro, se o trânsito ajudar).
Tire tempo para conhecer. De lá, vá sem pressa até a Costa de Cima onde, há cerca de um século, se cultivava muito café. O acesso é modesto, com um pedacinho de asfalto na entrada da Vila e aí um bom trecho de estrada de chão. Se tudo der certo, os campos que aparecem dos dois lados da rua estarão cobertos de névoa ou com geada.
Esse é também o caminho pra dar um chega pra lá no frio com a cachaça artesanal produzida pelo Seu Zeca, no Sertão do Peri. A cana de açúcar usada na produção é plantada ali mesmo há décadas. Se há algo pra esquentar de dentro pra fora
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é o aperitivo preparado nos alambiques.
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Seu passeio ainda pode incluir um engenho de farinha desativado mas restaurado por uma família, a uns cinco quilômetros do trevo da Armação.
Estique até o ateliê de Nara Guichon, artesã gaúcha que trabalha há 30 anos especialmente com tecelagem. Até pedaços de rede de pesca abandonados por pescadores são aproveitados por ela. Entre os produtos, lãs e mantas quentinhas que têm tudo a ver com o inverno.

Na Costa de Cima teve geada em Junho (Foto: Guto Kuerten)
Quanto mais alto, pior!
O Morro da Cruz não é o lugar mais agradável (e às vezes nem seguro) pra ver o dia nascer por causa do friozão que faz no mirante. Mas se esse for o seu objetivo – e a vista compensa – é possível que lá no alto dos 285 metros a temperatura esteja 2ºC
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a 3ºC mais baixa que na Beira-Mar.
– A grosso modo, dá para dizer que a temperatura cai 1ºC a cada 100 metros de altitude – afirma Marcelo Martins, da Epagri/Ciram.
Pela mesma lógica, se você for encarar a trilha do Morro do Ribeirão, com 532 metros, a temperatura tende a ser 4ºC a 5ºC mais baixa, uma diferença considerável. Sem levar em conta o vento, esse tende a ser o ponto mais gelado da Ilha.
Mas e o vento?
A sensação de frio aumenta se um velho conhecido dos manezinhos estiver afiado: o vento, tanto faz se for sul, nordeste ou a lestada.
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– Na sensação térmica, o que importa é a velocidade do vento. Ela só existe em dias em que a temperatura é baixa e o vento é forte – explica Puchalski, da Central RBS.
Quem está de frente para o mar também estará em um lugar mais gelado porque em áreas como a beira da praia ou o Centro Histórico, o vento é mais constante “e a renovação de ar, muito maior”.
Condições pra ter geada
:: Ar muito seco
:: Temperatura abaixo dos 5ºC
:: Chance maior nas baixadas dos morros porque o ar frio é mais pesado. Ele se deposita nessas regiões e favorece a geada junto com vento calmo e baixa umidade relativa do ar
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:: Lembre-se: geada se forma, não cai do céu