O ar gelado entra queimando o nariz e dá para senti-lo preencher os pulmões. É frio e puro também. Esse vento de montanha que tem um cheiro diferente e fica mais atrativo no inverno, quando a Serra Catarinense vira a queridinha do turismo. Mas não é preciso ir tão longe. Num raio de 80 quilômetros de Florianópolis, dá pra aproveitar o melhor do inverno: se encasacar pra curtir a paisagem, comer até passar mal num café colonial e, se São Pedro ajudar muito, mas muito mesmo, ver folhas congeladas e os campos branquinhos de neve, como aconteceu no histórico inverno de 2013.
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A previsão é otimista. Desde o início da semana, a Central RBS de Meteorologia e a Epagri/Ciram cogitam que, sim, os telhados podem amanhecer com flocos sobre os telhados, araucárias, pasto e o que mais estiver da porta pra fora. Um festival de foodtrucks marcado pra sábado e domingo aumentou ainda mais a procura na cidade de Rancho Queimado.
– Quase não há mais vagas nas pousadas para sábado – diz Paula Jost, que trabalha na secretaria de Turismo e, junto com o marido, toca um hotel modesto e honesto, com diárias a partir de R$ 60 por casal com café da manhã, bem no centrinho de Rancho Queimado, a pouco menos de 70 quilômetros do Centro da Capital.
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Claro que é bom acordar quentinho, abrir a porta e ser esmurrado por aquela massa de ar gelado que vem do campo de manhã cedinho. Mas quem mora na região pode aproveitar tudo isso numa esticada só. É só ter disposição pra acordar nas primeiras horas da manhã. Sem trânsito, uma horinha de carro e já está o portal alemão de Rancho Queimado, à direita da BR-282.

Foto: BETINA HUMERES/AGÊNCIA RBS
Que vista!
Se há uma chance de ver neve ou geada, ela aumenta pra quem está no Morro da Boa Vista, o ponto mais alto do município, a 1.250 metros de altitude. Pra chegar, é passar a entrada da cidade, a ponte em curva, o mirante e cambar à esquerda, como diz o mané. Não se acanhe com a estrada de chão, que é meio esburacada mas rodável para um carro popular. São dois quilômetros até a parte de cima.
De uma hora pra outra, a paisagem muda. As araucárias, que já apareciam ao redor do caminho, ficam longe. Nem árvore há no campo levemente sinuoso. Aí é só escolher o canto pra aproveitar. Há quem faça piquenique e o lugar pede uma sessão de fotos com aquele visual de fundo: da beirinha do paredão, dá para ver o paredão e, lá longe, a Grande Florianópolis – se o tempo ajudar.
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Dica óbvia: esteja preparado para o solavanco gelado. É só abrir a porta pra sentir o rosto petrificar. Ali em cima, a sensação térmica pode ser negativa, dependendo do vento e do horário. E tem muita gente disposta a encará-lo, nem que seja só com o nariz de fora. Como é possível dar praticamente uma volta completa no morro, dá pra ver o sol nascer ou se pôr com as montanhas e araucárias de fundo.
Coma bem
Quem foge do vento Sul litorâneo e encara a Serra costuma entrar no carro salivando e pensando na comida campeira com entrevero, carne assada e bebidas quentes. E dá pra curtir tudo isso em Rancho Queimado. Os dois cafés coloniais ficam na região central e abrem de sexta-feira a domingo e têm um bônus: as delícias alemãs, herança da colonização local, que está nos sobrenomes e também no jeito de falar. Cucas, tortas e apfelstrudel (folhado de maçã) inteiram o cardápio com cerca de 30 pratos. Vai de almoço? A Costelaria da Serra tem espeto corrido com picanha a R$ 33 no domingo. Durante a semana, uma porção de 400g de costela que desmancha já no garfo custa R$ 15. Pra beber, o refri que muito manezinho adora: A centenária Pureza, criada e estabelecida na cidade.
Rancho Queimado é uma dessas cidadezinhas em que o caminho é bonito por si só. Faça valer. Com tempo, passeie por Taquaras, onde se produz muito, mas muito morango e programe uma paradinha na casa de Campo de Hercílio Luz – em 1911, o ex-governador comprou a propriedade pra desfrutar do ar do campo.
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Passe o dia
Na cidade, você pode fazer o mesmo apenas com o day-use: não é preciso se hospedar no local para aproveitar a estrutura. Com disposição, acorde bem cedo e, com a ajuda da dona Ivete Heinz, vá tirar o próprio leite da vaca para o café da manhã. É possível que os campos estejam esbranquiçados onde os cavalos pastam e as ovelhas correm em bando.
– E tem que vir bem agasalhado. Geada aqui dá pelo menos cinco, seis todo inverno _ diz a dona da Pousada Pinheiral.
Cabe no bolso
::: R$ 4 bandeja de morangos (fora de época)
::: R$ 10 por pessoa o passeio de charrete, que sai da praça central
::: R$ 18 o quilo do queijo colonial, em um dos armazéns espalhados pelo interior do município
::: R$ 15 por 400g de costela desmanchando na Costelaria da Serra (48-9972-4721)
::: R$ 20 a cavalgada de uma hora na Pousada Pinheiral (48-3275-1212)
::: R$ 30 o espeto corrido com picanha na Costelaria da Serra
::: R$ 33 o Café Colonial do Café Schmitz
::: R$ 60 a diária para duas pessoas nas acomodações simples do Hotel do Tuti (48-3275-0149)
::: R$ 130 por pessoa o day use no Hotel Fazenda Águas Claras, com almoço e café colonial. Com três refeições, R$ 155 por adulto. Dá pra usar a piscina térmica e passear de charrete, entre outros.
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::: R$ 250 por casal a hospedagem na pousada Pinheiral, com três refeições inclusas.
*Preços de finais de semana. Alguns abrem de segunda a sexta, com preços diferenciados.
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