Moradores da rua Fernando de Noronha estão inconformados com a demora para conclusão das obras de macrodrenagem do rio Mathias na região Central de Joinville. Os trabalhos na via, que tem aproximadamente 250 metros, deveriam ter sido concluídos há um mês e meio. Agora, após atrasos, a Prefeitura afirma que a conclusão está prevista para 60 dias.

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As obras de drenagem contra os alagamentos já fazem parte da rotina dos joinvilenses há pelo menos três anos e meio. Diariamente, convivem com buracos, maquinas espalhadas no meio da rua e valas abertas. A insatisfação dos moradores da Fernando de Noronha se agrava a cada novo prazo, alegando que o trecho é curto para os trabalhos durarem quase dois anos. Para eles, a demora na finalização é consequência de falta de fiscalização no andamento.

— Nós nem acreditamos mais (nos prazos). Acompanhamos todo o dia essa obra e aqui o problema é o retrabalho, é falta de comunicação e a falta de fiscalização — afirma a empresária Fabiane Simsen, 31 anos, que reside e possui um comércio na Fernando de Noronha.

A moradora afirma que não há monitoramento constante na obra e o engenheiro responsável tem dias que não aparece no local, fazendo com que ocorram mais imprevistos e obra se arraste. A rua está interditada e somente o trânsito local é permitido. A aposentada Vanderligia Costa Sanches, 54 anos, conta que os impactos no dia a dia dos moradores vão além dos transtornos com as condições da rua.

Ela conta que o atraso acarreta reivindicações por canos quebrados, vazamentos de água, muito barulho, dificuldade para entrar e sair de casa e, como a macrodrenagem não foi concluída, os moradores ainda enfrentam problemas com os alagamentos.

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— O carro do meu marido precisa ficar para fora e duas vezes já encheu de água. A primeira vez deu perda total. E outras pessoas, que às vezes não têm seguro, também perderam o carro — diz.

Fabiane acredita que as eventualidades deveriam estar planejadas em um cronograma inicial
Fabiane acredita que as eventualidades deveriam estar planejadas em um cronograma inicial (Foto: Salmo Duarte / A Notícia)

Já para Fabiane, ainda que durante uma obra possam ocorrer imprevistos, essas eventualidades deveriam estar planejadas em um cronograma inicial. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) porque houve a necessidade de realocar algumas galerias subterrâneas, como por exemplo, as de água e de esgoto. Por este motivo, a conclusão da macrodrenagem do rio Mathias está demorando mais do que o previsto.

— Nós concluímos agora na semana passada a realocação da adutora de 300 milímetros que existia. Já ampliamos essa adutora, conforme a necessidade, e as duas redes de esgoto dos dois lados da rua. Essas interferências estavam previstas, mas não no grau de complexidade que nós estamos encontrando — explica Paulo Renato Vecchietti, diretor executivo do Seinfra.

As obras de macrodrenagem estão sendo executadas em três lugares diferentes ao mesmo tempo. A primeira delas é a implantação de estacas e galerias na esquina das ruas Fernando de noronha e Jacob Eisenhut, até a esquina com a rua Expedicionário Holz. A outra frente é a construção de estação de bombeamento no subsolo próximo a Prefeitura. E a terceira é a implantação de galerias de concreto na rua Jerônimo Coelho, na esquina com a Itajaí.

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A partir do segundo semestre de 2018, as obras devem avançar ainda mais para a região central de Joinville. Elas vão seguir pelas ruas Jacob Eisenhut, seguindo pela Visconde de Taunay, passando pela rua Pedro Lobo, em direção a rua Engenheiro Niemeyer até a rua do Príncipe e Jerônimo Coelho.

Ainda conforme a empresária, os moradores reconhecem a importância e a necessidade da macrodrenagem do rio Mathias para contenção das cheias no centro da cidade. Entretanto, o estresse prolongado a cada novo prazo causa indignação nos vizinhos e comerciantes, que não sabem quando irão ver a obra finalizada.

— Nós trabalhamos por partes, quadra a quadra, para que os impactos sejam localizados e não o transtorno ao longo dos dois quilômetros onde serão implantadas as galerias — completa Paulo Renato.

Atraso impacta vida de comerciantes

As obras de macrodrenagem começaram em junho de 2014 e eram para ser concluídas na metade de 2016, mas foram paralisadas e sofreram atrasos em vários momentos. Readequação no projeto, atraso nos repasses por parte do Governo Federal. Agora, a nova data de conclusão ficou para dezembro deste ano, mesmo com as obras estando um pouco atrasadas, segundo o próprio Seinfra.

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Com início em meados de 2016, os trabalhos na rua Fernando de Noronha já começaram fora do prazo inicial de conclusão de toda a obra. O transtorno, assim como ocorreu na rua Otto Boehm, também impactou comerciantes, que viram os estabelecimentos sofrerem durante quase dois anos de colocação das galerias. Fabiane possui um estabelecimento na rua Fernando de Noronha e precisou encarar uma baixa significativa nas vendas.

— Cerca de 80% dos meus clientes não vem mais por causa das condições da rua, é difícil chegar aqui — aponta a comerciante.

A empresária abriu o negócio há cerca de dois anos e meio e, antes de começar a obra, estava em um período de ascensão no movimento. Agora, enquanto a obra não é concluída, ela precisou dispensar metade do quadro de funcionários para evitar prejuízos maiores. A expetativa é que o novo prazo para a conclusão total dos trabalhos seja cumprido desta vez.

— Esses 30 dias que nós tivemos de atraso, em virtude da realocação dessas redes de água e esgoto, podem ser recuperadas agora no decorrer do período — garante o diretor da Seinfra.

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