As obras de macrodrenagem do rio Mathias já fazem parte da rotina dos joinvilenses há três anos e meio e, em 2018, devem ser sentidas ainda mais pela população que passa pelo centro da cidade. Reiniciada na última quarta-feira, depois de um período paralisada por causa do recesso de fim de ano, a instalação das galerias de ampliação hidráulica e de contenção contra enchentes agora passará por ruas mais movimentadas, causando a interdição total em alguns trechos e parcial em outros.
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A promessa é que este seja o último ano das obras, que abrem buracos de até quatro metros de profundidade nas principais vias da região Central, ainda que, com os atrasos dos últimos anos, sejam necessárias mudanças no projeto construtivo e maior fluxo no repasse do Governo Federal para que o prazo atual, de conclusão em dezembro, não seja extrapolado.
Na quarta-feira, as obras voltaram a ocorrer na rua Fernando de Noronha, no bairro Atiradores. Ela já havia recebido uma frente de obras entre junho e outubro do ano passado, quando foram feitas as escavações e o estaqueamento do suporte de concreto para as galerias de drenagem subterrânea. As obras foram paradas no fim de novembro porque, segundo a Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) de Joinville, seria necessário deixar a rua interditada durante o período de recesso de fim de ano, causando transtorno aos moradores da região.
Agora, o trabalho de instalação das galerias na Fernando de Noronha deve durar cerca de dois meses e seguir pela rua Jacob Eisenhut, cruzando a Expedicionário Holz em direção à Visconde de Taunay. Ali, as obras param para aguardar a etapa iniciada em outra frente de obras, que começa nesta semana na rua Jerônimo Coelho, no Centro. A via, que já havia sido parcialmente interditada em 2017 na quadra entre a avenida Dr. Paulo Medeiros e a rua Itajaí, agora volta a receber obras — desta vez, fechando a travessia da Itajaí.
— Ali na Jerônimo Coelho é o ponto mais crítico, justamente pela ligação com o Boa Vista. Então, o momento para implantar as galerias no cruzamento dela com a rua Itajaí é agora, em época de férias, porque haverá uma interdição total naquele trecho — afirma o diretor executivo da Seinfra, Paulo Renato Vechietti.
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A instalação das galerias ocorrem em etapas divididas por quadras, que levam de 15 a 20 dias cada. Por isso, a previsão é que no fim de março ela chegue na rua do Príncipe, ainda na esquina com a rua Jerônimo Coelho. Após a primeira quadra da rua do Príncipe, as obras passam para a rua Engenheiro Niemeyer e atravessam o cruzamento desta com a avenida Juscelino Kubitschek, até chegar na rua Pedro Lobo. A etapa final ocorre na rua Visconde de Taunay, quando as galerias iniciadas no Centro se encontrarão com as galerias do bairro Atiradores.
— Estamos fazendo o possível para que haja interdição da Visconde de Taunay uma única vez, e que seja de forma parcial. Por isso, a frente de obras da Jacob Eisenhut param e esperam a evolução da outra frente de trabalhos para então seguir para a Via Gastronômica — explica Paulo.
Atrasos em repasses e em novos projetos
O marco inicial nos trabalhos da macrodrenagem do rio Mathias ocorreu em 24 de junho de 2014, quando a Praça Dario Salles foi interditada para que a implantação de comportas e a construção de uma estação de bombeamento no subsolo começassem. Uma semana depois, as obras para instalação de galerias iniciaram na rua Euzébio de Queiroz, no bairro Glória. Antes disso, o projeto que havia sido aprovado pelo PAC em 2011 passou por revisões e reduções, tanto de construção como de orçamento.
Depois, foi paralisada e sofreu atrasos em vários momentos. Parte deles foi para adequações de rede de esgoto, água, energia elétrica e gás, que precisaram de novos projetos e convênios. A Companhia Águas de Joinville acompanhou as obras para as mudanças necessárias e, em fevereiro, a SC Gás deve começar a relocação de rede de gás no cruzamento da avenida Juscelino Kubitschek e na rua Visconde de Taunay.
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— Essas interferências estavam previstas, mas não estavam detalhadas. E, se esperássemos pelos projetos para começar as obras, perderíamos tempo e poderíamos perder o financiamento do Governo Federal — explica Paulo.
As obras estão orçadas em R$ 45.872.405,22, com recursos da Caixa Econômica Federal e contrapartida de R$ 4.833.068,48. O convênio com o Ministério das Cidades para a obra foram disponibilizados até este mês, na publicação inicial do Governo Federal. Este prazo foi repactuado e prolongado até dezembro.
No ano passado, o secretário de infraestrutura urbana, Romualdo França, alegou que também havia atrasos devido à demora no repasse de recursos. Em abril do ano passado, por exemplo, as obras da rua Otto Boehm foram praticamente paralisadas porque a Prefeitura esperava um repasse de R$ 2,5 milhões, que só ocorreu em maio. A liberação mais recente ocorreu em 20 de dezembro, com R$ 3,5 milhões.
— O Ministério das Cidades deposita em parcelas e, à medida que a obra vai evoluindo, o dinheiro vai sendo depositado. A hora que acaba, precisa de um novo depósito, mas às vezes leva até dois meses para ocorrer. Nosso papel é não deixar a obra parar por outro motivos, para que os depósitos também tenham fluxo — afirma Paulo.
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Novo método pode agilizar a obra
Em setembro do ano passado, uma mudança do método construtivo das obras da macrodrenagem do rio Mathias foi enviada à Caixa Econômica Federal para análise. Se aprovada, poderá diminuir o volume de escavação e agilizar as obras. Atualmente, as ruas são escavadas, as peças de concreto pré-moldadas são instaladas e paredes de concreto são construídas para dar sustentação. A nova proposta, oferecida pela empreiteira, é de construir as paredes de concreto primeiro e, depois de secas, as escavações ocorrerem apenas no ponto da instalação da galeria.
— Este método dá menos transtornos e, com ele, conseguiríamos atender o prazo de conclusão em dezembro com tranquilidade — avalia Paulo.
A intenção é que o novo método seja aplicado apenas a partir da rua do Príncipe, o que permite um prazo de até três meses para que a resposta da Caixa Econômica seja divulgada e a forma de construção das galerias seja modificada. Atualmente, 34% da obra já foi concluída. Apesar de haver mais de metade do projeto para cumprir em 12 meses, o diretor-executivo da Seinfra afirma que, agora, com as interferências em redes de água, esgoto, luz e gás resolvidas, haverá um ritmo maior nos trabalhos, com foco na implantação das galerias.
A macrodrenagem atua em duas frentes: para as cheias causadas pela chuva, é construída uma galeria de condução e conduto forçado, com 2.500 metros, por baixo das ruas da região Central da cidade. Para as cheias causadas pela maré -, que, muitas vezes, ocorrem em dias de Sol em Joinville – há um sistema de contenção e escoamento do rio Mathias, com comportas flap no encontro entre o Mathias e o rio Cachoeira; uma estação de bombeamento no subsolo, perto do rio Cachoeira, e uma galeria de detenção, embaixo da Praça Dario Salles.
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