Restos de entulho, lama acumulada nas calçadas e buracos em vários pontos da cidade denunciam a força das águas que atingiram Penha no último fim de semana. Somente na madrugada de sábado foram 200 milímetros de chuva. Esse volume, associado à maré alta, provocou inundação em quatro bairros e desalojou 2,2 mil pessoas. Nesta segunda-feira, quando o sol voltou a aparecer, foi dia de contabilizar estragos e começar a reconstrução.

Continua depois da publicidade

Para Janaina Aparecida Amaro, 38 anos, a semana iniciou com muito trabalho e a esperança de dias melhores. Ela lembra com tristeza os momentos de pânico que viveu durante a chuva. Em poucos minutos a mulher viu a água invadir sua casa na Rua Carlos Santos, na Armação do Itapocorói, levando embora comida, produtos de limpeza e higiene, e molhando roupas e panelas.

– Quando abri a porta foi como se tivesse entrado uma bomba. Aconteceu tudo muito rápido e a minha maior tristeza foi ver os pacotes de farinha, leite e açúcar boiando sem eu poder fazer nada – lamenta.

Mesmo com os bens perdidos, a maior preocupação de Janaina era a com segurança da mãe, que dormia na sala. Há um ano, ela cuida da senhora que se tornou dependente após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Continua depois da publicidade

– Minha sorte foi que parou de chover e a água não chegou na cama. Pedi para uma vizinha me ajudar a tirar ela dali, mas graças a Deus não precisamos. Eu tinha ganhado vários pacotes de fraldas pra ela usar, mas perdi tudo também – relembra.

Assim que os 40 centímetros de água que entraram na casa baixaram, Janaina começou a lavar tudo o que foi atingido. Em um dos quartos, caixas cheias de roupas encharcadas ainda esperam para ser limpas. Com a ajuda de um ventilador, ela tenta secar as paredes e móveis molhados. Agora a dona de casa e descascadora de marisco torce para que a chuva dê uma trégua e espera conquistar novamente tudo o que perdeu novamente.

-Vou comprando conforme eu posso, com Fé em Deus e sem dever nada para ninguém. Minha chefe perguntou no que podia me ajudar e eu disse que ela podia rezar por mim para que não chova mais – conta.

Continua depois da publicidade

Os números

350 mm foi quanto choveu entre sexta-feira e domingo em Penha.

2,2 mil ficaram desalojados.

12 mil foram atingidos direta ou indiretamente.

135 ruas foram afetadas em quatro bairros: Centro, Santa Lídia, Armação do Itapocorói e Gravatá.

73 crateras apareceram em ruas.

6 pontes ou pontilhões ficaram danificadas.

R$ 30 milhões é o prejuízo estimado pela Defesa Civil.

Prefeitura busca recursos com Estado

A infraestrutura de Penha ficou bastante prejudicada com o excesso de água dos últimos dias. A Defesa Civil do município estima que o prejuízo nas vias públicas passe dos R$ 30 milhões. Até o fim da tarde de ontem, haviam sido contabilizadas pelo menos 73 crateras nas ruas. Amanhã, o diretor do órgão, Johnny Eurico Coelho, terá uma audiência com o secretário de Estado da Defesa Civil, Milton Hobus, para pedir a liberação de recursos para a recuperação das ruas e pontes danificadas. Segundo o secretário de Obras, Jonas Machado, até sexta-feira a cidade deve ter condições de voltar à rotina normal.

-Iniciamos com equipes de limpeza recolhendo os entulhos e móveis abandonados. Temos em torno de quatro mil tubos que precisam ser trocados e aproximadamente quatro mil metros de calçamento para ser colocados – conta.

Os problemas mais graves como o reparo de tubulações e a reconstrução de pontes devem sem solucionados em cerca de 30 dias, com exceção da ponte na Rua São Pedro, que liga o Centro ao Bairro Nossa Senhora de Fátima.

Continua depois da publicidade

– Vamos iniciar o projeto e fazer a ponte agora com 10 metros, dobrando o tamanho dela. Provisoriamente colocamos um acesso de madeira aos moradores – explica.