A situação continua crítica em Guaramirim, cidade que decretou estado de calamidade pública devido às cheias do último fim de semana. Entre as principais necessidades dos atingidos, estão alimentos e colchões. Até a tarde de ontem, quando 200 cestas básicas foram recebidas do governo do Estado, a população dependia das doações para cada refeição.
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Apesar do lote recebido, a Defesa Civil ressalta que as doações ainda são importantes, pois não há previsão de quanto tempo a situação deve se estender. Quanto aos colchões, foi feita uma solicitação de mil itens, porém ainda não há confirmação de entrega.
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Em frente à Secretaria de Saúde, montada como centro de operações, as filas evidenciam as necessidades. De um lado, pessoas com documentos em mãos realizam o cadastro para poder receber os benefícios. Quem não conseguiu salvar seus documentos pessoais pode utilizar a documentação de parentes ou vizinhos, porém os dados são necessários para a prestação de contas junto à Defesa Civil. Do outro lado do prédio, uma fila aguardava para retirar alimentos, produtos de higiene e limpeza, além de roupas.
César Ricardo Lino é um dos moradores que foram buscar ajuda. Na manhã de ontem, ele conseguiu uma cesta básica e produtos de limpeza.
– A enchente pegou na cozinha e nos quartos. Salvei a geladeira, o fogão e as camas, mas perdemos muita coisa. Já tiramos a maior parte do lodo, mas ainda não está limpo – lamenta César, que vive com a mulher e a filha de dez anos.
Por enquanto, a Prefeitura de Guaramirim atende apenas por telefone e no setor de protocolo. Todas as outras secretarias estão mobilizadas no apoio aos desabrigados e desalojados, além de limpeza da cidade, que conta com cerca de 12 caminhões. A partir da segunda-feira, todos os serviços e atendimentos normais devem ser restabelecidos.
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O Sine, o Procon e a Junta Militar estão fechados. O posto de saúde do bairro Avaí também está sem atendimento, devido aos danos, e os moradores devem buscar o posto do Centro.
Moradores jogam móveis fora
Pelas ruas do bairro Avaí, a lama restante se misturava às pilhas de entulhos retiradas pelos moradores de suas casas. Um dos bairros mais atingidos pela enchente em Guaramirim, o Avaí, retoma aos poucos sua vida. Em frente ao terreno de Terezinha da Silva Kreutzfeld, um monte era formado pelos móveis e pertences retirados de sua casa e da casa da filha, Simone Ramos, que mora ao lado da mãe.
– Isso ainda é pouca coisa. Tinha que ver antes. Perdi cama, pia, sofá. Minha filha perdeu mais. Eu podia ir em uma loja comprar, mas será que vou dar conta de pagar? – lamenta Terezinha.
Tanto a matriarca quanto o restante dos membros da família deixaram as casas no fim de semana. Tentaram levantar móveis e desligar eletrodomésticos, mas no retorno encontraram a maior parte dos pertences misturados no chão, derrubados pela força das águas.
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Novas camas foram recebidas, garantindo ao menos um lugar seco para dormir.
– Olhar e não ter a casa, não ter roupas ou uma cama para dormir, é muito difícil, não sei o que fazer – comentou Simone, enquanto observava a rachadura em sua cozinha, que impedirá o cômodo de ser utilizado.