De olho no constante crescimento da demanda energética, o empresariado catarinense busca novas soluções para evitar que o desenvolvimento da indústria seja interrompido pelo insuficiente fornecimento de gás natural ao Estado. Estudo da demanda energética feito a pedido dos órgãos industriais e das companhias administradoras do insumo nos três Estados do Sul mostra que Santa Catarina poderia consumir até o dobro do que é fornecido atualmente ao Estado.
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– Temos indústrias na fila para usar gás natural. O Sul está perdendo oportunidades de atrair boas iniciativas – lamenta Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias do Estado de SC (Fiesc).
Santa Catarina consome em média 1,8 milhão de metros cúbicos de gás por dia, sendo que 83% desta quantia é repassada ao setor industrial. Já no ano passado, a SCGÁS – que faz a distribuição do gás no Estado – admitiu que a oferta estava chegando no limite. A projeção é que até 2019, as indústrias de SC precisem de pelo menos 2,9 milhões de metros cúbicos ao dia para manter o ritmo.
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– O Estado poderia imediatamente dobrar o consumo, indo para uma média beirando os quatro milhões de metros cúbicos por dia – calcula Marco Tavares, presidente da consultoria Gas Energy.
Segundo Tavares, presidente da consultoria Gas Energy, foram analisadas mais de 450 empresas do Sul. O resultado preocupa: a região poderia facilmente absorver o triplo do que gasta hoje, indo de 6 a 7 milhões de metros cúbicos por dia para até 17 ou 18 milhões. O estudo da consultoria está em andamento e deve ser concluído no fim de outubro.
Gasoduto Brasil-Bolívia está com capacidade esgotada
Até o início das operações do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), em 1999, o gás natural no país ficava restrito às regiões onde era produzido. Uma década e meia depois, todo o gás que abastece a região Sul ainda passa pelo Gasbol, cuja capacidade é considerada esgotada pelas empresas que detém as concessões em SC, RS e PR.
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– Na época da inauguração do Gasbol, houve um grande incentivo para que as empresas aderissem ao gás natural, mas já estamos há quase 15 anos sem que tenha sido feito nada para resolver a situação – afirma Glauco Côrte, presidente da Fiesc.
Além das dificuldades no fornecimento, os três Estados também pagam um preço médio pelo menos 20% mais alto pelo gás que as outras regiões. A diferença é decorrente da importação do gás boliviano, já a Petrobras compra o insumo e repassa ao Sul do país com um cálculo diferente do gás produzido em território nacional.
Indústria vai cobrar ações de candidatos
Na segunda-feira, representantes de setores de toda a indústria nacional vão a São Paulo para cobrar ações para o fornecimento de gás com as equipes técnicas dos presidenciáveis Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves. Para o setor, nenhum dos planos de governo trata o assunto com propriedade.
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O encontro foi convocado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e deve também contar com a participação de pesquisadores do setor energético.