A tarifa industrial de energia elétrica mais cara da região Sul e o risco de desabastecimento de gás natural para o setor foram os principais desafios tratados durante o quarto e último encontro do Cresce SC, realizado nesta quarta-feira, em Florianópolis. O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e palestrante-chave do evento, Glauco José Côrte, ressaltou ainda que a tributação “exagerada” da energia, que chega a 40%, também compromete a competitividade do Estado.

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– A tendência é de um agravamento do valor da tarifa em função da utilização de energia térmica. Não é cenário muito positivo, principalmente para setor industrial – avalia.

Uma das saídas seria a instalação de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) no Estado.

– O gás boliviano é em média 20% mais caro que o nacional e o contrato que termina em 2019 é uma incógnita pelo componente político.

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Sobre o preço da tarifa, Cleverson Siewert, presidente da Celesc, explica que a estrutura tarifária depende do nível de tensão, que é uma das vertentes para explicar o porquê a tarifa em SC é a quarta mais cara do Brasil no setor industrial.

– Basicamente 100% dos clientes industriais estão ligados à tarifa de menor tensão, então tem que baixar a tensão, o que requer maior investimento.

Siewert também ressaltou que apenas 18% da tarifa é gerenciada pelas distribuidoras, o resto é pela agência reguladora. Uma das soluções, conforme o presidente da Celesc, passa por ratear os custos das térmicas, como é feito com as hídricas. Além disso, a Celesc “quer entrar de cabeça na comercialização no mercado livre de energia”.

– Hoje, 25% da energia vendida em SC é energia livre – afirma.

Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), destacou ainda que o Brasil irá precisar cada vez mais das térmicas para garantir a base do sistema elétrico.

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– Com sistema otimizado, térmica ajuda a hidráulica a ter custo menor. Das térmicas fósseis, a mais barata é carvão. Se o leilão de 2009 não tivesse sido cancelado, atualmente estaríamos economizando R$ 500 milhões de reais por mês.

Celesc quer diversificar a receita

A Celesc, por exemplo, planeja ampliar os serviços e diversificar as receitas – atualmente, 97% delas vêm da distribuição da energia. O plano é diminuir esse percentual para até 60% e aumentar as vendas com transmissão, geração e projetos de telecomunicação.

Outro ponto abordado por Siewert foi a diversificação das fontes de receita da estatal.

– Está muito claro para nós que só a distribuição de energia não é futuro da companhia e estamos focando em outros negócios, com parcerias em transmissão, geração e telecomunicação. Grandes novidades devem surgir até final do ano.