Está faltando gás natural para as indústrias de Santa Catarina. A SCGÁS, distribuidora do combustível no Estado, teve que negar o fornecimento imediato para 60 empresas, entre elas a General Motors (GM), em Joinville; a Bunge Alimentos, em Gaspar; e a Klabin, de Lages.

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E se já está difícil agora suprir a demanda do setor produtivo do Estado, a previsão é que daqui a seis anos, em 2019, as indústrias precisem de 2,9 milhões de metros cúbicos ao dia, 45% a mais do que o previsto em contrato pela Petrobras até a data.

– Não podemos ficar indefinidos nessa situação. A Petrobras precisa assegurar um suprimento adicional para que possamos ampliar nossos contratos com as empresas – defendeu o presidente da SCGÁS, Cósme Polêse, que cobra também equidade na questão tarifária, pois o gás importado da Bolívia está cerca de 20% acima do preço do gás nacional.

A relação entre oferta e demanda é ainda mais discrepante para a região do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), que reúne os Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, todos abastecidos somente pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).

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O governador Raimundo Colombo, presidente do Codesul; o governador do RS, Tarso Genro; e os vice-governadores do PR, Flávio José Arns; e do MS, Simone Tebet; assinaram ontem um ofício pedindo à Petrobras para que envie os estudos e projetos sobre a necessidade de ampliação do fornecimento na região.

De acordo com a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), 224 indústrias do Estado são dependentes do gás natural. O diretor da entidade, Henry Quaresma, destacou que o uso do combustível faz muita diferença, por causa do preço, para os setores que consomem energia de forma intensiva.

Segundo estimativas da Fiesc, caso o fornecimento de gás natural continue no mesmo patamar no Estado, os setores cerâmico e químico vão deixar de crescer 50% até 2020. Os setores têxtil e de siderurgia e metalurgia, 25% e os de papel-celulose, alimentos e bebidas, 10%.

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Oferta limita expansão

Por enquanto, a empresa de Blumenau Electro Aço Altona, que funde aço para vários setores industriais, é atendida com a quantidade de gás natural que precisa para a sua produção: uma média de 200 mil metros cúbicos por mês.

Mas daqui a três anos está prevista a inauguração de uma unidade em Barra Velha e, para a nova planta, haverá necessidade de mais 300 mil metros cúbicos mensais de gás natural da companhia SCGÁS – quantidade que deve chegar a 400 mil metros cúbicos em 2018, de acordo com um levantamento realizado pela Altona.

Isto sem contar com a demanda exigida pela sede que, se quer aumentar sua produção e crescer no mercado, deverá aumentar também a utilização da energia nos próximos anos.

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O diretor responsável pelo projeto da unidade no Norte do Estado, Duncan R. Mc Kay, conta que para a nova planta não há planos para a troca do gás natural por outra fonte energética, que é uma das que menos prejudicam o meio ambiente, assim como a elétrica.

– Os equipamentos que serão utilizados em Barra Velha são projetados para funcionar com gás natural. Se a fonte de energia tiver de mudar, precisaremos reprojetar todo o nosso maquinário para recebê-las.